sábado, 27 de agosto de 2011

Coréia, um abismo entre dois mundos e um só povo

Olá pessoal! Bem, primeiramente gostaria mais uma vez de me desculpar por ter diminuido o ritmo das postagens, projetos para colocar aqui tenho vários, só está faltando coloca-los em prática, mas cedo ou tarde colocarei hehe
Hoje gostaria de falar um pouco sobre a Península da Coréia. Até os anos 50 existia no local um único país, com lingua e cultura próprias. Aí veio a Guerra Fria, URSS de um lado, EUA do outro.... enfim, simplificando, acabaram dividindo o país em dois pedaços que se transformaram em dois países, um deles socialista e o outro capitalista, não sendo permitido o fluxo de imigrantes entre os dois. De uma hora pra outra, um único país se fragmentou e cada parte se isolou para um lado, fazendo com que cada qual constituísse uma identidade própria que até então não fazia sentido.

Hoje, são dois dos mais interessantes exemplos tanto do socialismo quanto do capitalismo. Até os anos 70, a Coréia do Norte dentro do modelo soviético se mostrava mais rica e bem sucedida que a parte sul; porém, a partir desse momento até os dias de hoje, a economia da Coréia do Sul sofre um boom que criara uma enorme diferença e fez com que hoje o lado capitalista se mostre infinitamente mais rico e dinâmico. Um dos maiores trunfos, dizem os sul coreanos, foi o investimento em educação. Um país outrora pobre coloca todo o seu foco em criar mentes brilhantes que criassem e construíssem um novo país. Apesar do efeito colateral de maior valorização de certas áreas do saber em detrimento do outras, os sul coreanos de fato conseguiram transformar seu país. Hoje, quase 100% da sua população é alfabetizada. Através dessa revolução educacional, o país criou tecnologia e se tornou exportador de produtos de alto valor. O que se pode constatar, por exemplo, com a enorme quantidade de marcas norte coreanas no mercado brasileiro, dentre elas a Hyundai, Kia Motors, LG e Samsung. A Coréia do Sul se transformou, da fato, em um novo Japão, porém um pouco menos rico, menos metódico e mais "latinizado", se assim se pode dizer de um povo carismático para os padrões orientais. Na música, ocorre outro grande revolução e nesse caso, uma americanização, com bandas pop criando canções e clipes bastante inspirados no estilo norte-americano, porém um pouco mais exagerado e com maior produção dos cantores, seja nas roupas, seja nos cabelos ( muitas vezes aloirados a moda européia ), etc. Este estilo, hoje conhecido como K-Pop ( Korean Pop ), é bastante popular na Ásia e inclusive fora dela.




                                 Centro financeiro de Seoul

As cidades experimentaram grande enriquecimento e aumento do consumo, um bom exemplo é Seoul, a capital do país. Edifícios empresariais foram erguidos pela cidade e grande avenidas foram abertas, em uma remodelação do plano urbanístico, com destaque para a criação do parque de Cheonggyecheon, que consistiu na abertura de um moderno espaço público as margens do rio de mesmo nome em um área anteriormente bastante degradada com habitações de palafita. Ao redor existem modernos prédios comerciais, com arquitetura que lembra bastante o design japones contemporâneo de edificações. Na verdade, a modelo urbanístico sul coreano hoje é bastante parecido com o japonês, com a ressalva de que as cidades coreanas possuem grandes quantidades de prédios de apartamentos em blocos e as casas são, principalmente nos bairros mais nobres, mais amplas que suas semelhantes no Japão. Outro interessante exemplo da pujança e união entre os dois países foi a Copa do Mundo Coréia - Japão, em 2002, que mostrou ao mundo em um evento impecável, a riqueza dos dois países mais desenvolvidos da Ásia, lado a lado.


Do outro lado da fronteira está a Coréia do Norte, que tem como vizinhos seu irmão gemeo capitalista, a China e a Rússia, antiga URSS. Depois da dissolução da União Soviética e consequente queda do regime socialista no final dos anos 80, a Coréia do Norte perde seu principal aliado e parceiro, ficando isolada ao lado da China que com o tempo acabara por adotar uma economia de mercado, tornando as economias de ambos os países muito distintas. Ainda assim, a China hoje se apresenta como comunista e costuma ajudar do alguma forma a Coréia do Norte, com alimentos, tecnologia, etc... e a elite do país, quando faz alguma viagem internacional, costuma ser para a China. Salientando que pouquíssimos são os norte coreanos que têm a chance de sair de seu país, afinal o regime por lá é extremamemente fechado. Uma sociedade pouco religiosa, onde na verdade o objeto de adoração é o falecido ditador, Kim Il Sung, que governou o país de 1948 a 1994. Mesmo falecido, o "Grande Lider" - como é chamado - é até hoje considerado o presidente do país pela população local e a ele são atribuidas todas as benfeitorias e quase todas as invenções que a sociedade norte coreana conhece. Hoje quem governa é seu filho, Kim Jong-Il, chamado de "querido líder" pelos habitantes locais e conhecido internacionalmente por seus polêmicos testes de bombas nucleares, o que isolou totalmente a Coréia do Norte do resto do mundo. Há escassez de alimentos e energia, mas o governo parece só investir em gastos militares.... existem boatos de ondas de fome no interior de país e campos de concentração para onde vão milhares de opositores do regime.

A capital do país, Pyongyang, é caracterizada por seu modelo urbanistico socialista, com grandes blocos residenciais todos iguais no estilo soviético e aquele aspecto cinza, formal, segmentado e com imensas avenidas. Imensas.. alias... para os pouquissimos carros que transitam pelas ruas, pois por lá só a elite  possui carros particulares, geralmente presente do governo. Esta cidade, porém, por ser capital, tem o privilégio de ser servida pelo fornecimento de eletricidade durante as 24h horas do dia, pois em todas as outras cidades do país a energia elétrica é cortada de meia dia ás 6 da manhã, se nao estou enganado. 


Tipica rua de Pyongyang

                                          Espetáculo mostrando a inacreditável disciplina deste povo

Pyongyang possui uma eficiente rede de metrô. Nas escolas o ensino é mais do que puxado, quase 100% dos habitantes estão alfabetizados como no país irmão capitalista ao sul, e as crianças ensaiam para um coral - no caso das mais afortunadas - que é apresentado como um grande evento ao final, de fato é espetacular, a apresentação delas é irretocável, nem parece que são apenas crianças.. até por que as pessoas são levadas um modo militar de ensino, de criação, perfeccionismo, que embora não seja tão diferente assim do modelo educacional de sua vizinha sulista, é pautado basicamente no culta ao "grande líder" e uma alienação tão grande que espantaria inclusive os sul coreanos. É um país extremamente metódico, onde todos são, ou deveriam ser aos olhos do governo, literamente iguais ( excetuando-se a pequena elite que compõe a cúpula do governo, sem fazer piada com o fato de serem parecidos por serem orientais : P ), devem pensar igual, agir igual, baseando todos esses aspectos no constituição de família e assim dar seguimento as novas gerações, e sempre exaltando a figura de seu líder supremo, Kim Il Sung, claro.

Por lá, não existe o inato, exite o socialmente construído.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Devendo ao limite

Olá pessoal, gostaria de me desculpar pelo tempo ausente de postagens no blog, é que além de estar meio enrolado na faculdade ainda estava sem idéias e um pouco cheio de coisas na cabeça.


Bem, quem que goste de geopolítica não ouviu falar no grande dilema em que vive os EUA neste momento? Se o limite da dívida pública do país mais rico do Mundo não for elevado, este deixa de pegar seus credores e pode dar início a um colete histórico, nunca visto e que pode levar o mundo a uma nova recessão. A cede dos republicanos é imensa, eles querem deixar o assunto para ser resolvido no último minuto ou quem sabe nem resolvê-lo. É muito simples para eles, pois são oposição e se o país afundar na crise novamente, o povo sempre tende a votar de novo na oposição achando que tudo é culpa do governo, ou seja, o Obama não se reelege em 2012. Mas a que custo eles teriam coragem de faze-lo? Um país enfraquecido seria ruim para todos, a credibilidade é um orgulho para os norte-americanos, pois não existe praticamente investimento mais seguro do que investir em títulos da dívida desse país.

Os republicanos jogariam tudo fora? É fato que nos EUA os mais ricos pagam poucos impostos e que a desigualdade está se acentuando, mas os novos políticos eleitos da extrema esquerda se recusam a cobrar mais destes para diminuir o deficit nas contas que o próprio Bush filho ( REPUBLICANO! ) fez, soa até engraçado. Obama terá que ter muito jogo de cintura, mas um calote seria ruim para todos, cortar pensões e programas sociais também não seria correto num momento em que o povo está muito dependente destes benefícios, já que a economia está enfraquecida e o desemprego está alto. O governo como poder legislativo tem artifícios jurídicos para criar emendas e medidas provisórias em tempo para elevar quem sabe o teto do endividamento e mais importante, estudar muito bem onde cortar os gastos! Acabar de vez com as frentes da guerra no Afeganistão e diminuir mais ainda os custos militares exorbitantes deixados pelo governo George W. Bush.

Por fim, aumentar impostos dos mais ricos, embora isto seja muito mais complicado com a oposição em maioria no congresso, e assim equilibrar a balança fazendo a dívida se estabilizar e quem sabe até diminuir. O que os americanos precisam é ter consciência da situação e não achar que tudo é culpa do governo, falta um certo pulso de líder e negociador do Obama para conduzir uma situação tão delicada, mas uma negociação da oposição que também é culpada por essa situação precisa ser feita num tempo recorde. Caso contrário, é bom o yankees acordarem e darem novo rumo a sua política em 2012, colocando políticos mais moderados e negociadores no poder, afinal um partido que pensa que o governo de um país é o problema não deveria nem existir. Uma economia forte, onde o povo é empreendedor, livre de altos impostos e que faz o país crescer junto com as contas governamentais equilibradas é uma coisa, outra bem diferente é uma economia forte porém em decadência, onde o povo não tem acesso a certos serviços básicos, onde os ricos livres de impostos compram jatinho, o que não desenvolve em nada um país economicamente, onde o governo está com as contas no vermelho e o povo que não arranja empregos, não está conseguindo investir e ser empreeendedor da maneira que gostaria por conta de todos os motivos anteriores.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Urbanismo: Questão deixada de lado no Brasil - II

Boa noite pessoal! Bom.. hoje gostaria de focar novamente no urbanismo. Pode parecer até um assunto chato para alguns, mas creio que todo mundo goste de andar numa cidade limpa, bem cuidada e que inspira riqueza e desenvolvimento. A gente meio q cria um olhar inconsciente para reparar essas coisas se baseando, sem sequer perceber, nas características urbanísticas do local. E mais do que isso, bom urbanismo é qualidade de vida e planejamento, é poder estacionar o carro sem tanta dificuldade ou mesmo ficar bem menos horas no transito, contar com um serviços de transportes eficiência e sem atrasos, enfim... se nós já dependemos tanto de uma organização nas nossas cidades, que dirá alguém que seja deficiente, e é dessa questão que gostaria de tratar. Estive andando na Rua da Assembléia no centro do Rio de Janeiro. Uma rua que poderia até se considerar acima da média.. fiação aterrada, prédios comerciais suntuosos, comercio de rua que inclui até um café, tipo de comércio ainda pouco difundido pelo Brasil.. mas no final percebi que ainda está muito aquém do que deveria, principalmente quando se fala nas calçadas. É muita precariedade, é absurdo...

Andei cerca de três quarteirões, desde a estação carioca ao paço imperial. Fico imaginando um cadeirante TENTANDO andar nas calçadas daquela rua que além de sujas, são apertadas pelo enorme número de pedestres, e o pior.. totalmente irregulares. Buracos por entre as pedras portuguesas em toda a parte, poças, um bueiro sem tampa no meio de calçada, sendo colocados galhos e uma caixa de papelão para as pessoas verem e desviarem. Portanto, você tem que pular buracos, bueiros e só pra apimentar ainda leva uma pequena ducha das várias caixas de ar condicionado que pingam dos escritórios comerciais do alto dos prédios ( kkkk eles devem estar querendo amenizar o nosso calor com uma aguínha ). Assim, falando bem francamente... o cadeirante simplismente não passa, fica muito complicado.... é um direito que lhe foi vetado pelo descaso em relação ao urbanismo no nosso país.

E ele não é a una vítima, um cego ali também passaria por maus bocados. A rua finge que tem calçadas especiais de borracha para cegos, como essa da foto no final da postagem, mas sua direção é tão burra e louca que no Brasil as vezes eu acho que colocam asnos e mulas literalmente para planejar as nossas cidades. E por que? Por que a primeira faixa começa no meio do nada na rua, começa se o cego surgisse ali num passe de mágica... anda alguns metros, passa por uma esquina onde no meio da faixa de borracha existe, acredite, um BURACO ( !! ) É, coitado do cego, parece que fizeram de sacanagem só pra ele cair ali. A faixa continua por mais alguns metros e acaba na parede de um prédio, literamente... dando a impressão de que é feito de propósito pro cego bater na parede.. ( Seria cômico de não fosse trágico ).. andando um pouco mais,  já na esquina com a rua primeiro de março, o caminho de borracha recomeça misteriosamente a partir do um vaso de plantas - o cego vai nascer na árvore e começar a andar dali pra frente, só pode - e vai indo em direção ao sinal da esquina fazendo uma bifurcação: "Que beleza, até em bifurcação para dois lados diferentes eles pensaram, o cego pode até escolher pra que direção ir!" Doce ilusão, pois depois de dar a curva a faixa simplismente acaba para ambos os lados e uma das partes nem chega a levar ao semáforo, termina antes com pedras portuguesas colocadas no local da sua continuação!

Maravilhoso, quanta preocupação com a qualidade de vida do pedestre, do cidadão... e isso tudo no centro financeiro da segunda cidade mais rica do país! Fico impressionado... E a prefeitura parece que nada faz.

É isso pessoal, ainda tem outras questões interessantes que gostaria de dividir com vcs, mas vou deixar para a parte III que pretendo postar em breve.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Ditado pelo interesse

Muito se vem falando sobre as revoltas que se seguem no Mundo Árabe, revoltas essas que mobilizam cada vez mais grupos da sociedade e estão desestruturando os regimes totalitários na região. Essa realidade é antiga, afinal só ouvimos falar em ditadores que estão a 20, 30 e até 40 anos no poder como é o caso de Muammar al-Gaddafi, na Líbia. Digamos que algum tipo de intervenção estrangeira na atual guerra civil em que se encontra o estado líbio atual não é errada, porém é preciso analizar bem de que modo fazer isso. Díficil precisar o quão útil está sendo a atual operação de países como os EUA, Reino Unido e França, que dominaram o espaço aéreo do país lançando bombas para enfraquecer o exército de Gaddafi... este, por sua vez até então havia bombardeado diversas cidades para conter os rebeldes, matando milhares de civis. É hilário ver hoje o ditador chamando a comunidade internacional de nazista, sendo que nem Hitler lançava bombas contra o seu próprio povo.. Gaddafi conseguiu o incrivel feito de ser mais cruel que um nazi. 

Mas infelizmente... ele não é o único contraditório nessa história. Por que as nações do ocidente aceitaram e até apoiaram por tanto tempo ditaduras no mundo árabe e nada fizeram? E agora, com o discurso de proteger os civis líbios, invade como se tivesse sempre defendido a democracia e a liberdade. Não defendia.... pelo menos não para esses países. Os americanos são aliados de vários governos anti democráticos, como o governo de Iemen, Bahrein, Arabia Saudita e Egito, já derrubado.. não só os americanos como outros países que se dizem exemplos de democracia. Silvio Berlusconi da Itália até pouco tempo era muito amigo do Gaddafi, Israel que se diz o país de liberdade no Oriente Médio, chora amargurada a queda desses regimes totalitários; Lula recentemente, já depois de deixar a presidância, fez um discurso em um congresso da TV Jazeera, do Catar - um país movido a petrodólares governado por um rei a quase 16 anos no poder - falando bem da democracia e da sua importância, logo após chamar o rei do país de "meu amigo".. Lula era também fiel "companheiro" de Hugo Chavez e do próprio ditador líbio. 

Contraditório, não? O mundo ocidental não fez vista grossa para um modelo de governo de considera inapropriado ( como se espera ).. e sim deu-lhe apoio, suporte, para assim ter os seus interesses garantidos. Repetindo.. já que assim foi, por que intervir tão tardiamente? Parece um grande exemplo de solidariedade invadir o espaço aéreo libio para proteger seus cidadãos, mas temos que nos lembrar que Gaddafi não era mais alinhado aos interesses internacionais e sua derrubada era desejada... se a mesma atitude de um ditador de atacar civis fosse tomada num país "alinhado", fica a dúvida se a posição do resto do mundo seria a mesma. Deveria ser... afinal um massacre nunca deve ser bem visto, mas sabemos o quanto a mídia é manipulável... Em vários outros países árabes hoje o povo já está sendo contido na força bruta, inclusive na morte, mas a imprensa não dá tanto destaque e apresenta os fatos de um modo bem menos crítico. O mundo continua mergulhado na grande contradição entre a força da ideologia e dos interesses econômicos.. todos sabemos que é o segundo que prevalece, mas parece que a propaganda para o primeiro continua forte. Seria hora de finalmente uma posição compreensível e sem ambiguidade para podermos entender qual é a real posição de um país que dá plena liberdade a seus cidadãos.. o que é admirável, mas apóia que outro país subjulgue e reprima seu povo, o que é totalmente deplorável.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Urbanismo: Questão deixada de lado no Brasil - I

O que é exatamente urbanismo? A definição do wikipédia é a seguinte: "Urbanismo é a disciplina e a atividade relacionadas com o estudo, regulação, controle e planejamento da cidade (em seu sentido mais amplo) e da urbanização."

Quando se fala na qualidade de vida de uma cidade, não se pode falar apenas de aspectos que passam paralelos como nível de renda, estudo e etc. É preciso também se falar em planejamento urbano, em todas as suas instâncias. Seja ela no zoneamento das ruas, seja na arborização e  limpeza das vias, infra estrutura, na regulamentação de obras que não agridam a paisagem e não comprometam a infra estrutura local, além de tentar estimular projetos arquitetônicos mais arrojados, que enriqueçam a cidade. No Brasil, essa idéia ainda é um tanto vaga e pouco difundida, mas está inconscientemente na cabeça das pessoas. Quando você vai a um bairro mal urbanizado, sujo, você imediatamente tende a se sentir desconfortável, aquela visão inicial é extremamente desagradável... claro que com o tempo as pessoas vão se adaptando e se familiarizando com o espaço e a partir daí, passam a notar novos aspectos e peculiaridades locais que uma visão de "turista" não consegue captar, mas esse debate é melhor deixar com o Yi-Fu Tuan hehehe...

Felizmente no Brasil existem algumas cidades planejadas como Curitiba ou Maringá que são, teoricamente, exemplos a serem seguidos no Brasil... . Ambas têm o traçado planejado e são fartas em parques e áreas verdes, mas nem essas duas conseguiram chegar ao que se vê em muitos lugares fora do Brasil, embora sejam bastante acima da média do nosso país... primeira qualidade urbana no Brasil se limita a ruas ou no máximo em raríssimos bairros como Copacabana, mas nunca a uma cidade inteira. Urbanismo é também transporte eficiente, asfalto, calçadas bem conversadas e padronizadas e até aterramento de fiação dos postes. Pra exemplificar, peguei uma foto de duas avenidas próximas em nível de renda - renda média alta - no Rio de Janeiro, porém em uma delas a fiação é aterrada e na segunda não:

                                Av. N. S. de Copacabana

                                Rua São Clemente - Botafogo

Então, qual é a mais agradável? Acho que 99% das pessoas vão achar a primeira, não só pela ausência de fiação elétrica, mas também pela qualidade das calçadas. Na Av. N. S. de Copacabana elas são largas e homogêneas, já na rua São Clemente a calçada é apertada e variada - vai mudando de prédio para prédio - o que pode parecer bem menos agradável visualmente. Infelizmente mais que 90% das ruas no Brasil estão muito mais para a segunda rua ou bem pior do que para a primeira. Agora olhem a rua Voluntários da Pátria, no mesmo bairro de Botafogo, esta já passou por obras do programa Rio Cidade, foi totalmente remodelada e modernizada:


Então, sem comparação, não é mesmo? Embora discutir urbanismo seja muito mais do que falar de postes. Ainda gostaria entrar na questão Brasil x Exterior, que é o lado que ainda me deixa mais decepcionado, além de muitas outras questões que eu considero que fazem muita diferença em uma cidade. Fica para a parte II que postarei em breve!

quinta-feira, 10 de março de 2011

A pobreza nos países desenvolvidos

Miséria todos nós sabemos o que é, é aquele nível de vida onde não há dinheiro sequer para se ter uma casa e a pessoa mal tem condições de se alimentar, é aquilo que julgamos pobreza extrema e é a situação que deve ser combatida com mais vontade pelos governos ao redor do Mundo. Mas e pobreza? Você, como brasileiro, pode dizer que pobreza é morar numa comunidade, em um "casebre" com um ou dois cômodos, com alguns móveis e eletrodomésticos.. mas a pobreza é bem mais relativa que a miséria. Ser "pobre" varia de país para país e isso também influencia nas estatísticas. Nos EUA, por exemplo, existe uma linha de pobreza específica, onde se encontra em torno de 12% dos norte americanos. No Brasil, a linha de pobreza é definida por outros critérios levando em conta a realidade brasileira ( apesar de existir também um padrão considerado pela ONU ), e considera-se que cerca de 30% dos brasileiros estão abaixo da linha de pobreza... há quem diga que se mesmo o padrão de pobreza usado nos EUA fosse usado no Brasil, cerca de 75% dos brasileiros seriam considerados "pobres", mas se este dado procede ou não, eu não sei dizer.

De qualquer forma, existem pessoas marginalizadas e bairro degradados e violentos na maioria dos países ricos, a única diferença é que estes não são tão numerosos e a miséria mesmo encontra-se em níveis bastante baixos e o governo costuma dar algum tipo de apoio a esta camada social... portanto, programas de transferência de renda como o bolsa família não são exclusividade do Brasil e, na minha concepção, são validos para o grupo que é atendido, se realmente os beneficiados forem pessoas que passam fome e sem quaisquer perspectiva. Voltando ao assunto anterior, existem bairros pobres e degradados nos países ricos - nos países pobres e emergentes seriam considerados bairros ruins, mas por lá são de fato, os piores e mais degradados - que também são esquecidos pelas autoridades e da mesma forma sofrem com carência de serviços públicos, desvalorização imobiliária e marginalidade. 

Gostaria de exemplificar com a cidade mais pobre dos Estados Unidos. Chama-se Camden e fica no estado de Nova Jersey. Segundo o site city-data.com, sua população atual é de 78 mil habitantes, e a renda média por pessoa por ano é de US$ 12.808, ou US$ 1.067 por mês. Levando em conta o custo de vida nos EUA e renda média dos americanos, a cidade é considerada muito pobre. Outro dado curioso é que 45% da população da cidade é afro-americana e 43,6% é considerada hispânica ( descendentes de mexicanos, porto-riquenhos e outro latinos em geral )... só 5,3% da população da cidade é branca, demonstrando que a desigualdade racial ainda se apresenta de forma considerável na sociedade norte-americana. Sem mais delongas, apresento-lhes Camden, NJ:

O pequeno centro da cidade é bem urbanizado e arrumado em sua maior parte, sendo parecido com o downtown de qualquer cidade comum nos EUA:




Mas é só afastar do centro em um ou dois quarteirões que o nível de vida muito baixo e a decadência começam a aparecer:




É isso, diria que viver assim nos EUA equivale a morar na favela da Maré ( RJ ) ou em Heliópolis ( SP ), no Brasil. O conceito de pobreza, sem dúvida, é diferente... mas as deficiências, a decadência, abandono e a criminalidade estão presentes em ambos os locais. A diferença é que os respectivos bairros no primeiro mundo são mais ricos... ou melhor, menos pobres; não é a toa que são ficam em países ricos.

Água, Combustível do Mundo

Pessoal, desculpe pela demora a atualizar o blog, é que com todos os feriados acabei me desligando um pouco das questões abordadas aqui, mas prometo retornar a postar com freqüência. 

O tema "água" e como trata-lá e resguardá-la vem ganhando cada vez mais uma importância nas discussões relativas a preservação, novos modos de vida, reaproveitamento e economia. O fato é que, hoje vemos o maior bem da Terra com uma importância maior do que sempre se viu, sua abundância tão incomensurável sempre fez com que pensássemos que a agua nunca acabaria ou deixaria de nos servir como sempre servira. Atualmente, numa evolução desse pensamento, já falamos em racionamento, em evitar desperdícios e até em reutilização e dessanilização. Sim, esta ultima faz todo o sentido né, é um processo que retira o sal e outras minerais da água do mar e transforma essa água em potável. Não poderia ser mais genial, pois segundo o Atlas National Geographic cerca de 97,5%  de toda água do mundo está nos oceanos, é salgada ( indisponível para consumo humano ). Países secos e desérticos, com recursos econômicos razoáveis ( pois o mecanismo ainda é caro ) como Israel já adotam esse processo para prover H2O limpa a sua população. 

Já o processo de reutilização é milenar, afinal quando se capta água da chuva para consumo próprio, se está reaproveitando uma água que já completou todo o ciclo de evaporação e precipitação, garantindo o sustento através da agricultura e a sobrevivência de populações ao redor do Mundo por séculos, mas este processo hoje ganha uma característica ainda mais refinada... Foram desenvolvidos processos de purificação da água super modernos, que podem fazer aquela inunda da sua privada se transformar naquela límpida que saí do seu filtro kkkkkk Apesar do tom de brincadeira e de parecer nojento, isso pode se tornar cada vez mais comum... mas não se preocupe tanto se você mora no Brasil, afinal ainda temos a maior reserva de água doce do Mundo. De qualquer forma, é bom termos consciência de que os tempos são outros e não dá mais para poluir rios e lagos, além de aquíferos, grandes reservas subterrâneas de água doce que fazem brotar rios e tornam possíveis poços artesianos na superfície.. Esta é a forma de abastecimento mais barata que o ser humano pode possuir, além de garantir a manutenção da biodiversidade e a estabilidade do clima, pois como se sabe, é a quantidade de água na superfície que define a quantidade de evaporação, chuvas e assim por diante.

Mas.. voltando aos métodos modernos de reutilização da água, uma vez assisti a um documentário no Nat Geo que falava justamente dos planos da NASA em criar uma base permanente na Lua ( coisa pra daqui a 10 ou 15 anos ), e como faria para garantir que uma pessoa sobreviva lá; o projeto prevê reaproveitar 90% da água utilizada, dando-lhe diversas funções, desde seu uso na cozinha, até a higiene pessoal. Novamente.. estranho não? Mas se não for utilizada uma refinidada tecnologia de purificação da água, os custos se tornariam mais exorbitantes numa ainda utópica vida na Lua. Voltando ao nosso Planeta, é interessante destacar também que - novamente segundo a National Geographic - 69% da água utilizada pelo homem se dá em processos agrícolas... outra questão que devemos levar em conta se quisermos reduzir o desperdício, começar pelo campo, mas como? É meio impossível diminuir o consumo de água sem reduzir a produção ou piorá-la, então nada mais justo que se dê um freio na super população da Terra e no consumo, que só tende a aumentar. Pode parecer uma visão exagerada, mas já existe uma população suficiente no planeta e problemas socio econômicos também suficientes; um controle de natalidade seria bem visto ou pelo menos uma política de convencimento a se ter menos filhos nos países mais pobres e com problemas em relação a água; a pobreza e a fome estão intimamente ligadas a seca, são duas questões complementares que agravadas pela desigualdade social e ausência de investimentos, se transformam em algo muito díficil de se solucionar. 

A água é o fator condicional para manter a vida, humana ou animal, em qualquer parte do Mundo, além de ser um diferencial econômico muito importante para qualquer país... ninguém quer depender do outro para ter esse bem tão precioso, todos querem garantir suas próprias reservas. Para que não hajam conflitos maiores em relação a isso temos que aliar melhor distribuição com infra estrutura, novas tecnologias de reutilização, economia ( parar de ficar lavando o carro por meia hora com a mangueira ligada ), dessanilização ( para países desérticos ou semi desérticos ), além de medidas de despoluição de rios e lagos e tratamento de esgoto nas cidades/campo e até controle populacional. Com todas essas medidas, ainda teríamos água para milhões de anos sem nos preocuparmos e a biodiversidade do planeta agradeceria.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Angola - O Tigre Africano?

Algum tempo atrás saiu uma notícia afirmando que Angola, um país africano arrasado pela fome e guerra até 9 anos atrás tinha sído praticamente o recordista em crescimento econômico na última década; a economia do país teria crescido acima dos 10% ao ano. Até 2002, Angola vivia uma complicada guerra civil que ocorria praticamente desde a independência do país de Portugal, em 1975.

Comum em países africanos, várias tribos inimigas disputavam o poder em um território composto por várias etnias diferentes... nessa época, a maioria dos portugueses já haviam abandonado a ex-colônia. Com o fim de guerra civil, que deixou pelo interior da nação varias minas terrestres que fazem vitimas até hoje, abriu-se caminho para o investimento estrangeiro, Angola é muito rica em petróleo. Estados Unidos, Portugal, Brasil e principalmente a China, viram no país uma possibilidade de investimento muito lucrativo... São construídos novos prédios comerciais, condomínios e mais condomínios fechados para abrigar os profissionais que vêm de outros países para trabalhar na coordenação do setor petrolífero e de construção, enquanto os habitantes africanos majoritariamente fazem os serviços que pagam mal, na base da hierarquia. Não que não haja uma elite e uma classe média nativa em ascensão, com angolanos de fato melhorando socialmente, mas nesses condomínios citados, por exemplo, a segregação fica bem clara. Os chineses têm seu espaço próprio, onde só estes podem viver ali.. em geral o tamanho de suas casas variam com o cargo ocupado, existindo também um refeitório para todos que habitam o local, onde da mesma forma trabalham apenas profissionais chineses. Com os funcionários norte americanos ocorre o mesmo, vivendo em condomínios murados só deles.

Por enquanto, praticamente só a capital do país, Luanda, viu uma grande transformação no seu espaço urbano; por lá surgem novos e modernos edifícios - inclusive a empresa brasileira Odebrecht vem investindo pesado em Angola -  os carros circulando são, em geral, modernos, aparecem novos projetos de shoppings centers e um estágio de futebol de primeiro mundo, além desses condomínios de classe média citados, sendo eles de estrangeiros ou não. Apesar disso, até então, pelo menos 60% - talvez mais - da cidade seja composta de favelas e o nível de violência é bastante acentuado, num país que agora vê o nascimento de novas classes mais abastadas com a maioria da população ainda vivendo na pobreza.

De qualquer forma, hoje Angola é a terceira economia lusófona - de países que falam português - depois do Brasil e Portugal... sendo uma nova fronteira inclusive para brasileiros formados no ramo da engenharia e do petróleo, garantindo-lhes excelente remuneração. Nos resta esperar para ver a situação de Angola em 10 ou 20 anos caso o país mantenha seu crescimento econômico entre os maiores do Mundo, sendo maior que o crescimento atual dos Tigres Asiáticos. Atualmente, a maior parte da população ainda vive na pobreza e miséria, mas com as transformações poderemos ver até uma abertura democrática do país, que é governo pelo mesmo ditador desde 1979, uma ascensão social considerável - apesar dos estrangeiros abocanharem uma parte disso - e, infelizmente, um provável aumento da desigualdade social.