quarta-feira, 4 de junho de 2014

Socialismo made in church

É interessante notar uma dicotomia bem interessante nos dias de hoje que se passa na população religiosa brasileira.

Parte dela se mantém intacta, com os mesmos preceitos de outrora. Muitos têm uma mentalidade bastante retrógrada, em geral, em relação aos gays, aos ateus, àqueles que crêem nas religiões africanas, a mulheres que querem ser independentes (e viver sem um companheiro) na sociedade. Alguns vão gritar nas Igrejas, outros nas ruas. Pregando, chamando para o culto, dizendo que somos uma sociedade de valores invertidos. São capitalistas, alguns se dizem liberais, embora tendam a ser menos laicos e muito intervencionistas. As contradições são variadas em um espectro que vai do mais conservador ao mais tolerante.

Porém, hoje existe um novo seguimento de religiosos "reformados" digamos, bastante "sui generis". São os religiosos socialistas. Bem, sabe-se da grande quantidade de evangélicos (também católicos praticantes, mas em menor quantidade) presentes nas universidades, faculdades de direito, cursos de ciências sociais, e muitos deles acabam absorvendo preceitos marxistas. Sabe-se que nesses cursos existe também um segmento marxista socialmente liberalizante, inclusive chegando ao outro extremo que defende a legalização de todas as drogas, relações poli amorosas, fumar, beber, perder o controle, contestar e contestar. Bem, parece que finalmente socialistas aprenderam a respeitar as minorias, pois antes tudo estava concentrado no campo proletário de relações de trabalho. Os marxistas aprenderam que podiam respeitar os gays, as feministas e os negros há pouquíssimas décadas, é o exemplo que aprendemos da URSS, de Cuba e da Coréia do Norte. Na Coréia do Norte, quase tudo que fuja à regra familiar, que seja contestador, é moralmente um tabu. Movimentos de minorias sempre começaram nos capitalistas EUA e na Europa, via de regra.

Mas voltando, o marxismo é historicamente ateu, e para os novos religiosos marxistas isso é um problema, eles mudam essa imagem. Frei Beto é um grande exemplo disso, ele tende a relacionar a luta de classes com a luta travada por Jesus por igualdade. Alguns já falam de Jesus Cristo como um grande revolucionário (e foi, de fato), praticamente um Che Guevara da vida... mas existem grandes diferenças. Jesus Cristo era um revolucionário da espiritualidade, da coerção através de idéias de paz, convivência, respeito. Não falava em pegar em armas, nem em algo parecido. Jesus não acreditava em governo ou em rei que pudesse mudar qualquer realidade, muito menos em uma elite do "rei" ou do "imperador", a atual elite estatal, que tivesse esse poder. Era sim coletivista, mas não tinha nada de socialista, até porque esta ideia só surgiu 18 séculos depois do seu nascimento.

Vejamos: eu, pessoalmente, me considero inclinado para o lado capitalista. Acredito que as pessoas podem ser boas, melhores. Também acho possível que os empregados não sejam explorados e que o patrão tenha um bom senso em seu respectivo negócio, acredito na filantropia e na caridade, na inciativa pessoal de ajudar os outros como uma forma incrível de melhoria das condições de quem precisa (e não sou cristão para dizer isso). Tudo isso se chama ética, e vem se perdendo. Enriquecer não é um crime, e o próprio luteranismo veio com essa ideia de reforma. A Igreja na idade média condenava o lucro, por isso não havia mobilidade social. Por outro lado, os senhores feudais viviam no luxo absoluto, gozando de tudo de melhor, apenas por terem nascido naquela condição, e outros que nasciam em categorias menores, eram renegados à pobreza vitalicia. 

Foi graças à nascente burguesia urbana, que os feudos acabaram-se, que privilégios de nobreza se acabaram, que se criaram estados nacionais, que ocorreu a Revolução Inglesa, a Revolução Americana, a vitória do norte na Guerra Civil Americana, a Revolução Industrial e a Revolução Francesa. Foi graças à busca por novas riquezas que o mundo mudou e, acredite, se tornou mais justo e igualitário. Pela primeira vez na história praticamente, ocorreu mobilidade entre classes. Não nego a função social do Marxismo que, muitas vezes, dentro de sociedades capitalistas, humanizou mais as relações e tornou deixou esse mercado mais equilibrado em relação aos que não puderam participar dele. Por vezes o estado atuou para ajudar os que mais precisaram e isso foi valido, criou-se o estado de bem estar social, etc.

O problema é que, hoje, quer-se acabar com o pilar de tudo isso, até dentro dos estados de bem estar social. O alvo é a busca por riquezas e, principalmente, fruto disso, por livre troca e livre comércio. Todas as sociedades que demonizaram o lucro, sejam elas marxistas ou muito antes da invenção dessa ideologia, faliram impreterivelmente, foram para o buraco economicamente e socialmente. Portugal e Espanha, extremamente religiosas, pararam apenas na acumulação de riquezas, deixaram de ser sociedades comerciais, seus membros passaram a viver apenas do que já tinham acumulado. No fim, ficaram para trás. Inglaterra, Alemanha e França prosperaram.

Tanto Alemanha, França e Inglaterra possuem um apoio estatal para os mais pobres bem estruturado, mas nenhuma delas abandonou o pilar do livre comércio, da capacidade de produção de riquezas, do incentivo à criatividade, à invenção, etc. Hoje até podemos ver um momento diferente e de possível mudança, mas deixemos para um outro post. 

Acontece que este novo religioso, marxista, nada mais parece aquele cara da idade média, modernizado pela história. Critica o lucro, critica o capital, acredita que é o governo que tem que ajudar sempre (o que não deveria ser, o governo deveria apoiar no básico, no essencial, e a iniciativa deveria fazer a grande diferença). Criou-se uma classe religiosa estatal, com muitas semelhanças ao clero. O Estado, quanto mais forte, quanto mais poderoso, quanto mais centralizado, menos possibilidades de fazer o bem terá, mais possibilidades de ser tirano, cruel e ideologicamente dominador... Muitos desses novos religiosos também não vêm a homossexualidade, a independência da mulher, o divórcio e a laicidade do estado com liberdade de escolha pessoal com bons olhos. Essas idéias permanecem, com tudo que são reformados, com a mesma ideia moralmente restrita de família, mas agora a família é marxista, não tem mais propriedade privada. 

Foi a burguesia que lhes deu a possibilidade de ser protestante, foi a burguesia que lhes deu a possibilidade de interpretar a bíblia, de ler e escrever, de frequentar uma escola, de ter algum dinheiro. Não foi Marx, nem Engels. Tampouco é santa a burguesia, pois é constituída de pessoas com interesses, mas são seus interesses que moveram essa sociedade a ser o que ela é hoje, de forma involuntária, não premeditada...

Também a burguesia inventou o estado laico, o que pode desagradar alguns destes mais fervorosos.

sábado, 26 de abril de 2014

O direito de viver na cidade ideal

Estava refletindo neste instante sobre mim e quanto minha mentalidade mudou com o passar do tempo. Lá pelos idos de 2011, 2012, eu era mais focado na questão urbana e nos textos sobre Primavera Árabe, Europa, Coréia (um texto que fez muito sucesso, inclusive).

Estou no 5o ano de geografia, muita coisa mudou, não sou mais o que era. Nostalgia? Não sei, mas sinto falta dos tempos em que meus textos eram livres e minhas idéias eram mais promissoras. Sendo bem específico, no que tange a questão das cidades, eu acreditava na mudança pela técnica, e na possibilidade de melhoria dos padrões de vida através de transformações urbanísticas aliadas a transformações educacionais e culturais. Criar um povo mais "civilizado", que se atente mais a questão da reciclagem, do paisagismo, da mobilidade urbana, do uso de técnicas arquitetônicas e modernas para promover um ar melhor, um viver na cidade melhor. O morar em um bairro caótico, sem ordem ou qualquer mínima organização arquitetônica e paisagistica, com lixo, esgoto, sujeira, insalubridade, nada disso entrava na minha cidade perfeita. Agora olho para as minhas idéias de uma cidade mais "civilizada", mais aprazível para seus habitantes, e me sinto julgado. Não consigo mais defender tudo isso sem a culpa incutida e colocada em mim nos últimos tempos, principalmente no meio acadêmico, mas também nas próprias redes sociais... Seria chamado de "coxinha", "reaça", "higienista", "segregador". Não existe mais discussão, ela morreu com o bom senso de não prejulgar que alguém com idéia X, necessariamente tem idéia Y. Isso se trata de um preconceito, um prejulgamento, que não reflete meu real pensamento sobre a cidade e a sociedade. 

Nem sempre fui assim, como bem disse. Antes eu era "puro", achava que o dizer certas coisas não levaria a uma conotação tão negativa e maldosa de pessoas que falam demais e fazem de menos.. Leio textos de grandes autores que escrevem políticas urbanas e não mais me identifico. Eles falam em "cidades para pessoas" (e não para o capital), falam sobre "o direito à cidade": no que eu imagino, como cidades para pessoas e direito à cidade, eu estaria de pleno acordo com eles. Porém, no que eles imaginam como tal, eu já tenho muitas duvidas sobre o que, de fato, significam suas idéias. Parece que o castelo de areia se desfez, alguns (mesmo estes autores) diriam que eu não quero aceitar toda a crueldade e violência aos quais muitas políticas de "renovação urbana" escondem.  Levanto aqui uma questão, que pouca gente aborda: políticas de "renovação urbana" estão alterando uma cidade perfeita, onde todos os moradores vivem em harmonia e dignamente? Nunca defendi a violência do estado sobre a população, o meu grande "defeito" se encontra no fato de que também não defendo modelos de gestão urbana que preguem a "resistência" em cidades que refletem miséria e falência de gestão. Muitas vezes, ou na grande maioria das vezes, a palavra "resistência" não vêm acompanhada da palavra "mudança", acaba vindo acompanhada da palavra "manutenção", manutenção de uma situação tão ou mais violenta quanto a proposta mudança "autoritária" do Estado. 

Defender um modelo ideal de cidade não é reducionismo ou autoritarismo, e essa culpa é difícil de se desfazer cada vez mais quando se discute uma política urbana. Não estou aqui negando as especificidades de cada cidade, mas defendendo que certas essências urbanas podem existir (e no fundo existem). Não se pode pensar ou acreditar que todas as realidades urbanas são de fácil gestão e tudo é solucionável na forma que se fez, nesse caso os próprios geógrafos urbanos e a própria geografia negam a importância do espaço, o modo como ele se constitui e os reflexos que a constituição dele causa. Certas questões são determinadas por aspectos meramente físicos: se você tem uma montanha no meio, não adianta achar que a via vai cruzá-la em linha reta. 

Não estou aqui para defender que favelas sejam eliminadas, para que manifestações urbanas consideradas marginalizadas sejam eliminadas ou que a gente destrua o passado e construa uma nova cidade em cima disso. Estou aqui, ai sim, para defender o que vejo como uma "cidade para pessoas" ou "o direito a cidade". Tais direitos são muito mais do que resistir e permanecer em um espaço físico... dependendo como este se constitui, é imprescindível transformá-lo. Certas barreiras ou impossibilidade físicas impedem de uma forma clara e evidente, que essas mudanças aconteçam.

Me lembro de um professor meu comentando sobre uma comunidade próxima a instalações para os jogos, na Barra da Tijuca, região de grande potencial imobiliário, devido as suas belezas naturais e intervenções urbanas pelo qual vem passando com grandes incentivos do estado. Ele dizia: "esta comunidade (próxima as obras) é a unica da cidade que não possui tráfico de drogas ou mílicias, e logo ela está sendo ameaçada pelos especuladores imobiliários." Ignorei o foco que ele queria dar (pois estava obvio) e pensei um pouco mais além: se esta é a unica comunidade da cidade que não possui tráfico, e na cidade existem mais de 500 favelas ou "aglomerados subnormais" (como são chamados pela prefeitura), existe algo muito grave nesses espaços que propicie o domínio de poderes paralelos. Claro, são espaços esquecidos pelo estado, que não entra ali de nenhuma forma, existem barreiras físicas, sociais e culturais. São o retrato do deficit habitacional e da falta de moradias e de condições de aquisição de moradia para todos. Naturalizou-se a manifestação urbana pois foi a resolução espontânea que pessoas a margem da cidade criaram para si mesmas... Essa constatação qualquer professor meu aplaudiria de pé. A grande questão é que fazer parte da cidade formal não implica simplesmente em resistir e permanecer, isso não implica em quaisquer mudanças. Para uma cidade, ou uma parte da cidade, fazer parte do mundo formal, ela precisa de condições para tal: condições físicas, financeiras e até mesmo, culturais. Um espaço repartido não se insere facilmente a todo o resto, ele precisa se reinventar. Já tive a oportunidade de ter contato com pessoas de comunidades do Rio, e lembro de ouvir questões como: "ninguém paga água, ninguém paga luz, e ninguém quer pagar","o estado chega e intervém de forma muito cruel e violenta". Bem, são dois pontos interessantes, se por um lado o próprio Estado não intervém nesses espaços como deveria, os próprios moradores também vêm vantagens em viver ali e muitas vezes não querem ser inseridos totalmente. É um andar construído a mais, e alugado, sem qualquer custo ou burocracia, é o acesso a internet e tv a cabo mais baratos, todos a margem do que se poderia chamar de cidade formal. 

Integrar esses espaços passa por dois esforços: o esforço do estado em respeitar e agir de forma cidadã nesses locais, e o esforço da própria população (e este não é citado), em querer sair da marginalização. É também a partir de um aumento da renda e do nível educacional desses moradores que essas iniciativas de dentro para fora podem contribuir para acabar com esse urbanismo partido, junto com a cobrança por uma ação mais responsável e cidadã do poder público. O estado não deveria estar ali para reprimir quem quer que seja, mas cabe também ao "reprimido" se mostrar pró-ativo na sociedade, esperar menos de um estado ineficiente, corrupto e populista, e entender que só a organização e ação conjunta e voluntária para mudar essa situação, enxergando-se ver como ator da mudança, e não apenas passivo. Conhecer um mundo diferente, e melhor, é um direito de todos, viver em uma cidade aprazível, menos poluída, engarrafada, mais verde, menos caótica e mais planejada e urbanizada, também é um direito de todos, esse é o "direito a cidade", aquele que implica também em deveres. Em benefícios e também sacrifícios em prol do bem comum, sacrifícios esses que passam pela regularização, pelo pagamento de contas e taxas que diminuirão os encargos e prejuízos sobre a cidade como um todo, benefícios que passem pelo acesso a transporte público, a serviços de saúde e educação, casas harmônicas e aprazíveis para se viver e um planejamento territorial que permita essa dinâmica, com ruas, escadas, praças e parques. Reurbanização aliada a construção de conjuntos habitacionais que permitam intervenções também físicas: intervenções nesse meio são inevitáveis e a unica forma de resolver o problema. Não acho que o foco seja a resistência, pois não vejo o "manter o que já está" como uma solução, pois não é; luto pelas transformações conscientes e importantes para a melhoria da cidade, que passam pela cidadania, transformações físicas, sociais e culturais: Criação de corredores verdes, conjuntos de casas que aproveitem energia solar, reciclagem de lixo, acesso de ônibus e ambulâncias, ambientes de cultura e lazer, clubes, centros culturais, ruas de comércio com calçadas largas e ampla circulação de pedestres, gabaritos e harmonia arquitetônica, acesso rápido a transporte público, integração física e plena, sem fronteiras visíveis entre o que era ilegal e o que sempre foi legal...

Por fim, me sinto até menos "culpado", sinto que meu projeto como cidadão da cidade do Rio de Janeiro está aqui definido em alguns parágrafos. Fiz minha parte, não posso mudar nada, apenas como estudioso da área e um jovem apaixonado por cidades, dei minha humilde opinião. No mais: que me desculpem as cidades feias, mas beleza - e qualidade de vida - são fundamentais. 


Antiga favela em Guayaquil, Equador. 

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Por um mundo de mentes livres...


Venho, primeiramente, afirmar que acho a denominação esquerda e direita, antiga e ultrapassada, portanto relutei muito em usá-la, porém parece que tanto quem se denomina esquerda ou direita, tem prazer em se ver como esquerda ou direita, então, se eles se reconhecem assim, quem sou eu para dizer que não são.

Pra começar, algumas pessoas, nessa modinha de esquerda-direita tão século XX, resolveram me ver agora como “direita”, sem que eu, sequer, jamais, tenha me reconhecido como tal ou afirmado que me encontro em tal classificação tão fora de moda pro meu gosto.  

Bem, sobre a esquerda brasileira, tenho pouco a afirmar, ela é “chavista”, podre e sórdida. A corrupção está entranhada em todas as esferas do governo petista, que só fala em bolsa, cotas, bolsa e cotas, que o rico é mau e o pobre é bom. O PT é demagogo, é baixo... Domina a mídia, domina a opinião publica, polariza a sociedade.

Mas o que dizer sobre a direita brasileira? Bem, a direita brasileira é o sonho de toda esquerda. Primeiro, porque vários membros da direita são defensores da antiga ditadura militar, como se apanhar e ser morto pelo próprio governo, aquele que faz as leis e deveria defender o povo dos assassinos, fosse algo aceitável. Segundo, porque boa parte da direita brasileira é, de fato, muito preconceituosa, quer que – como diz o Paulo Gustavo – a faxineira seja sempre faxineira, e a médica, sempre médica, não vêm com bons olhos a igualdade entre brancos, negros, heteros, gays, religiosos e ateus. Também defendem que os “favelados” nunca saiam da favela (wait, isso é coisa do tão "hipocritamente correto" PSOL, que linha tênue, aff, continando... ). Terceiro, porque a direita brasileira, durante seu período de governo, olhou mais pelas empresas do que pela população, olhou mais por interesses que não deveriam ser de governo e, sim, individuais, do que pela segurança, saúde e educação, investimentos em infraestrutura. 

Que prato cheio pra esquerda fazer o que bem entender! Motivos não faltam, boa parte da direita brasileira não se interessa em economia, não se interessa em saber como os países ricos, aqueles que hoje gozam de outro patamar de vida, chegaram onde chegaram, só sabem endeusar a Europa mas não fazem sua parte para que o Brasil mude. Não foi odiando gays, negros e ateus que esses países se desenvolveram, mas sim, abrindo maior espaço para cada um deles, ainda que a xenofobia e o preconceito persistam em muitos países da Europa, é na abertura, na união, que se atinge o desenvolvimento. Afinal, muitos direitistas têm uma mente colonizada, a mente da classe média de países miseráveis. Muitos são preocupados com a aparência, com a filho macho exemplo da família, com a filha recatada que têm em casa, julgam o fora do “padrão”, o diferente deles, esquecem-se que uma sociedade democrática, neoliberal, apesar de todas as criticas que se faz a esse sistema, só se faz com democracia, com igualdade de oportunidades nos estudos e no mercado de trabalho. Basta ler os liberais mais conhecidos e ver o que eles pensam, não existe parceria publico privada, não existe favorzinho do governo para as empresas. Os direitistas esquecem-se que Cuba, URSS, também defendiam família, bons costumes e propriedade, no caso dos últimos, propriedade publica, leia-se, nas mãos da elite politica que comandava a ditadura vigente, a única capaz de manter um sistema desse naipe.  

A direita brasileira é dominada pela incompetência discursiva, é manchada pela sua voz preconceituosa e reacionária que o população brasileira não deseja mais. Se temos uma oposição assim, então não temos oposição, se não temos oposição, temos uma ditadura. O governo brasileiro hoje faz o que quer, manipula como quer, controla como quer. Todos os programas que hoje fazem “pelo povo” são frutos da regra mais básica de dominação de um povo, e foram usadas na história do mundo diversas vezes, tanto pela esquerda quanto pela direita. O governo cria vilões, sejam os médicos, seja a classe média – embora o discurso não ajude e, como falei, seja um prato cheio. A direita não faz nada porque ela mesma se reconhece, ela sente culpa nas costas, ela sente responsabilidade, ela compra o discurso pois ela mesma ainda tem dificuldade de mudar. Nossa esquerda está sozinha, ela dita, ela manda, ela fala - e só fala - o que o povo quer ouvir. Ela jamais se interessou em seguir a cartilha de um país que atingiu o sucesso, ou se diz que se interessa, faz isso criando primeiro toda a burocracia estatal, como aconteceu ao criar uma empresa estatal para construir o trem-bala mas até agora não construiu nada.. ou seja, ela aumenta o problema para depois criar a solução. O Brasil clama por gestores, clama por infraestrutura, clama por saúde, educação e segurança que são, de longe, as melhores politicas sociais, clama por menos vilões, por menos culpados e por mais solução, clama por menos discurso de divida social e mais de crédito social, clama por menos gestores metidos a popstars e mais genios da gestão, afinal, está dificil de aguentar essa “ditadura” petista, muito menos essa oposição pálida e de rabo preso. Nossa esquerda é maquiavélica e manipuladora, já a direita deixa seus preconceitos aflorarem ao invés de mostrarem as verdadeiras ideias sobre o que é, realmente, uma sociedade justa, e justa onde as pessoas possam crescer por suas próprias pernas e o governo dê o suporte sem deixar a mesma dependente, sem comprar-lhe o cérebro, sem comprar-lhe o resultado da próxima eleição.  

Nossa direita e nossa esquerda se misturam, se misturam na sordidez do discurso, na falta de compreensão da opinião oposta, na falta de apego pela democracia. Afinal, uma ideologia que quer dominar, que quer vigorar, ela precisa se impor, e a melhor forma de fazê-lo é reprimindo ideias opostas. Eu só defendo uma, a livre expressão, que é necessária para que todas as outras existam; não sou direitista pois, na minha visão, a direita tem um pensamento hipócrita e nojento, não sou de esquerda, pois me recuso a ter um pensamento ainda mais hipócrita e nojento para refutá-lo. Não sou nenhum dos dois, pois essa denominação caiu em 1989 junto com muro, pois após esse longo texto chega a conclusão de que esquerda e direita são apenas dois grupos que pensam que a sociedade é uma partida de futebol e a população é a bola. Existem ideias, mas tambéma existe um mundo lotado de diversidade concreta que necessita de respeito, respeito esse que vamos conquistando desde o iluminismo e que vem sendo ameaçado por muitos justamente que reinvindicam esse respeito, no melhor estilo Jacobinos da Revolução Francesa. É pela liberdade que deve-se lutar até o fim, pois só assim chegaremos próximo de ideal de felicidade que o ser humano tanto vislumbra e sempre vislumbrou. 


segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Um breve histórico

Pretendo ser breve dessa vez, breve o suficiente para poder dormir em um horario aceitável levando em conta que essa é uma madrugada de domingo. Escrever, pra mim, ainda é algo muito prazeroso, embora eu quase não o faça no blog. Tenho poucos seguidores, afinal o blog anda parado, e isso acaba me desmotivando mais.

Bem, minha vida não mudou muito. Na essência, sou eu. Sou o mesmo menino que nos recreios já andava solitário refletindo sobre a vida. O meu maior defeito, com certeza, é pensar em demasia, isso é a fonte de todos os problemas. Passam-se anos, passam-se experiencias, passam-se duvidas, resolvem-se questões e aparecem outras, porque minha mente curiosa jamais pode parar de se perguntar. Não estou no mundo para agradar ninguém, e percebi que sempre que tentei isso, falhei amargamente... Não é cliché ou repetitivo dizer que é melhor ser você próprio, com todos os seus defeitos malucos e inexplicáveis, mas também grandes qualidades, do que ser uma grande mentira. Foi a grande mentira que tanto atrasou meu crescimento pessoal, foi a grande mentira que sempre fez com que eu me achasse um perdedor durante muito tempo. Quando eu me livrava de uma, sempre aparecia outra, e outra. Com frequência, ainda esbarro com algumas, aquelas mais presas e difieis de se livrar. Minha vida não mudou, continua sendo longe, muito longe daqui, pois eu, na verdade, mentalmente, nunca estive em apenas um lugar, eu sempre estive no mundo, e sempre pensei nele como um grande conjunto interligado. Já não ligo para o que é perto ou longe fisicamente, pois para mim, tudo está a distância de um fechar de olhos.



domingo, 30 de junho de 2013

Se eu não disser...

Se eu não disser que ando um tanto desanimado ou desestimulado a escrever, estaria mentindo, ou no mínimo omitindo uma sensação que me passa há um bom tempo. Não, eu não tenho a obrigação de escrever aqui, mas eu poderia dizer que zilhões de idéias que passam na minha cabeça poderiam ser registradas e não o são, simplesmente pois deixo de lado, e elas se perdem... A maioria delas são ligadas ao tema do blog, eu diria que o tema do mesmo é amplo, assim como é minha profissão, e eu acabo dando pitaco nas ciências próximas da geografia. Antropologicamente, sociologicamente, etc etc etc.... Outras questões são de cunho pessoal, mas eu acabo, por fim, dando o mesmo enfoque social, antropologico haha. É, já sofri, já aprendi, já sofri de novo, já aprendi de novo.. na vida, ninguém te dá um sorriso de graça, e se você o fizer, também não espere retribuição. Apenas ame, apenas se deixe levar, ou apenas fique parado caso as aguas estejam calmas. Confesso que, por vezes, sinto falta dessa retribuição, parece que o tempo passou e as pessoas ficaram mais insensíveis. Bobagem, só parece, só se passaram 3 anos, 3 anos para uma rocha não é nada, e para uma pessoa, é pouco, ou as pessoas viraram rocha. Sei lá, delirar e escrever foi o que fizeram diversos poetas, e desses devaneios até que surgiram belos escritos. Tem horas que dá vontade de não parar mais de viajar, conhecer todos os lugares possiveis em um curto espaço de tempo.... (esse rascunho ficou parado e inacabado por semanas)...

Recomeço agora, dia 30/06/2013. Viajar para mim é um modo de vida, é um sonho, conhecer novas culturas, ouvir outros idiomas, experimentar novos hábitos. Existe um livro de auto-ajuda, chamado "Mudança de hábitos", algo assim, não lembro exatamente o título, pois apenas li algumas páginas na livraria uma vez, e me lembro das poucas páginas que li, que a grande reviravolta na vida da autora, que faz do livro uma auto-biografia que começa após um noivado fracassado e um período de profunda depressão, se deu quando ela começou a fazer novas viagens.. Ela tomou coragem e meteu a cara no mundo, viu que esse mundo ia muito além de sua vidinha, de seu noivo, de sua cidade.

Um grande sonho meu é fazer intercâmbio, na França ou no Canadá/Irlanda, mas preferencialmente na França, que pra mim é um país de contos de fadas, encantado por suas cidades históricas, sua cultura, seu lindo idioma, que venho tentando aprender desde 2011, embora não seja muito fácil. Gostaria muito de poder viver e experienciar uma nova cultura assim que eu me formar, acho uma experiencia unica, que te dá coragem, faz crescer, amadurecer... Sul da França, já imagino a cidade, as pessoas falando o idioma perto de mim, o aspecto da cidade, Montpellier, quem sabe, novos aromas, gostos, gente... Eu me enrolando com a cultura, cometendo gafes, aprendendo em cima disso, convivendo com outras mentalidades, sentindo, vivendo, vendo, tocando, falando, escutando esse novo mundo todos os dias. Voltando lá para o inicio do post, que escrevi em algum dia que não me lembro quanto, e aproveitando o gancho, não tem nada mais antropologico do que isso.

Sempre, desde pequeno, eu tive dificuldades em lidar com as questões e sempre vi o recomeço como a melhor alternativa. Não que eu abandonasse tudo e todos da minha vida antiga, mas eu procurava reconstruir outra perspectiva em cima da anterior, que por vezes me decepcionava... Foi assim, e sinto que está sendo querendo ser assim de novo. Nossa vida tem altos e baixos, começos e recomeços, e nada melhor que um recomeço para deixar o que havia antes mais bonito. Acho que todo o ser humano deveria ter esse direito, não importa a idade, posição social, sexo... viver é isso.


sábado, 1 de dezembro de 2012

O ser geógrafo

Como o meu perfil bem destaca, sou estudante de geografia. Geografia é uma bela ciência que tenta, através de uma visão sistêmica e holística, entender os diversos fenômenos físicos e humanos que ocorrem na superfície terrestre e uso o território e a dimensão espacial como ferramenta principal para compreende-los. Tá, enrolei um pouco mas acho que ficou claro kkkk
De qualquer forma, poucos geógrafos sabem exatamente seu papel... Pra mim, deixando as discussões epistemológicas para Ruy Moreira e outros intelectuais da área, ser geógrafo abre a mentes, faz pensar grande e extingue as fronteiras. As distancias se tornam menores e o mundo todo está na palma das nossas mãos.. Conseguimos compreender por que a sociedade se configura de certa maneira no tempo e no espaço e que caminhos podem ser seguidos daqui para frente. Diminuímos nosso preconceito e nosso julgamento em relação a outros modos de vida em outras regiões do Globo pois temos conhecimento de causas antropológicas para tal, que também vale para nós mesmos. Enxergamos a globalização como um fenômeno que cria uma grande rede de informações e dados, fazendo o mundo do geógrafo passar de pequeno, para  ainda menor. Porém, não há barreiras de pensamento e de idéias, fazendo nossa mente ser maior do que o próprio mundo e sua capacidade as vezes limitada. 

Faça a diferença!

Bem, primeiramente, venho a pedir desculpas pelo longo período sem postar nada aqui, eu de fato andava desanimado e sem saco para escrever no blog, também pelo fato de eu ter tido poucos seguidores e poucos comentários nas postagens. Mas hoje eu vejo que isso é culpa minha por ter desistido e praticamente abandonado o projeto, afinal, quem vai se interessar por um blog abandonado e desatualizado? Eu nesse período tentarei organizar melhor o meu tempo e, a partir daí, poder dedicar um certo tempo para este blog,  e postar nele periodicamente, bem, pelo menos é o meu desejo.... Para tal, eu diria que preciso adotar uma linha um pouco mais pessoal nos meus textos - digo isso pois em muitos (ou mesmo na maioria dos momentos) eu acabo sendo imparcial e não doto de personalidade os assuntos que abordo - bem, eu diria que até faço isso as vezes, mas menos do que eu deveria. Existem muitos conceitos e idéias que eu ainda não abordei aqui, e que eu preciso e devo publicar, pois essa é a minha visão de mundo e ela pode, sim, influenciar para melhor, na minha perspectiva, as mentes de outras pessoas. Não quero ser um influenciador dominador, já que muito do que sou e penso hoje também foi moldado por idéias de outras pessoas, pois a vida é feita dessa troca e desse intercâmbio de opiniões, onde é melhor ser "uma metamorfose ambulante do que ter uma opinião formada sobre tudo". Ao meu ego isso nada interfere, só tendendo a um crescimento e amadurecimento maior das opiniões. 
Já que é para colocar o próprio rótulo no mundo, a melhor forma de fazê-lo é externalizando seu modo de entende-lo sem medo de palavras contrarias... Só de viver num país democrático, eu já posso me considerar uma pessoa de sorte, já que a democracia me dá esse direito de ser um sujeito com voz ativa na sociedade. Se alguém realmente deseja fazer a diferença, ela terá que ser mais do que pertencer passivamente. Não vou negar que tenho, como qualquer outra pessoa, medo de rejeição, maledicências e até mesmo da indiferença, o silêncio as vezes nos sufoca por as vezes querermos respostas rapidamente que não podem ser respondidas ou não devem ser respondidas, em certo momento. Venho, por meio desta página, dar a minha pequena - bastante pequena, mas significativa - contribuição na formação de idéias esclarecidas e criticas sobre a sociedade e o nosso meio de vida, numa visão que, pelo menos tentar ser, atualizada e dinâmica. Peço que todos tentem, de alguma forma, fazer o mesmo, e contribuam para um planeta mais rico em idéias e menos submisso a determinismos e padrões estáticos.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

A tão falada crise na Zona do Euro

Olá pessoal. Primeiramente, gostaria de pedir desculpas pelo longo tempo (praticamente um ano), sumido do blog, é que de fato eu fui fazendo outras coisas, com outros projetos e acabei deixando o blog meio de lado, mas aproveitando o feriado da Pascoa, reavivo isso aqui e pretendo continuar postando, pois ainda gosto bastante de escrever.



Bem, o site tá meio desatualizado e um dos temas mais pertinentes agora é a crise na zona do euro. Eu continuo bem atualizado sobre isso, vejo programas a respeito, tento acompanhar ao máximo, até por que a dinâmica dos países da região me interessam muito. Toda essa postagem é uma opinião bem pessoal, portanto sinta-se livre para comentar e discordar. Acredito que muitos países ali (não todos) colheram do que plantaram... Espanha, Irlanda, Portugal e especialmente a Grécia, ao ingresssarem a União Européia e postariormente ao Euro, receberam um volume de capital grandioso para que colocassem suas economias no mesmo patamar dos países mais ricos do bloco, e assim pudessem se equiparar a eles ingressando numa união de livre comércio, moeda e circulação de pessoas, que sem essa injeção de capitais não seria possível.

A Irlanda foi sem duvida a mais bem sucedida, conseguindo elevar muito seu padrão de vida e tendo hoje a renda per capita maior que a de países muito ricos como a Bélgica. Pois bem, gastou-se muito, investiu-se muito, mas não se pensou em equilibrar as contas públicas, o dinheiro foi farto, mas as despesas não controladas acabaram criando uma bolha de dívida para os países suprassitados. A Grécia é o exemplo mais crítico, o estado gastou desenfreadamente... vocês se lembram das Olímpiadas de Atenas em 2004? Pois bem, a farra de obras e superfaturamento foi uma das facadas nas contas do país, que pagou quem sabe 20 ou 30 bilhões de Euros para a realização dos jogos. Dinheiro esse que, convenhamos, com todo o turismo e investimentos que pode ter atraído, não teve um retorno compensador. 6 anos depois, o país mergulhou na maior crise de sua história, demitindo cerca de 150 mil funcionários públicos, um número que impressiona para um país de 10 milhões de habitantes.

Solução para esses países? Austeridade. Mas a austeridade tem seu presso amargo, antipático.. arrocho salarial, previdenciario, cortes de benefícios, cortes de investimentos em vários setores da economia, retirada de capitais estrangeiros por medo de calote por parte do governo que não tem dinheiro para pagar suas contas, altos níveis de desemprego, mergulhando os países numa crise não só economica como social e fazendo a coisa ficar aguda. Mas, se a crise é da divida.. (alguns pensam) por que o governo simplesmente não deixa de paga-la e gasta suas finanças em tentar melhorar a situação financeira do povo? A Grécia já faz isso com ACORDOS que já perdoaram mais da metade da dívida .. eu disse bem, acordos que disfarçam o calote. Vale a gente ressaltar que um calote declarado, no sentido mais literal da palavra, criaria uma convulção nos mercados, uma crise generalizada no Euro, pois a moeda unica cria um efeito dominó nos outros países, além de uma fuga, aí maciça e quase total de investimentos na Grécia, mergulhando o país num caos ainda maior. A Argentina é nosso bom exemplo de 11 anos atrás... Portugal, Irlanda, Espanha e Itália se equilibram em cima da corda bamba para não pedirem perdão da dívida, o que causaria mais mal estar internacional, criando 'apenas' o mal estar interno da austeridade. E da-lhe austeridade. Tais países também vêm privatizando tudo que podem e muitos chineses xing lings vêm comprando empresas, zonas agrícolas e se dando bem no negócio, aumentando seu poder e influencia pela europa adentro.

Sim, na minha humilde opinião, a Europa daqui a uns anos se recuperará, mas terá que engolir muitos sapos chineses (não só chineses.. ), agora influentes e poderosos, e terá aposentados e cidadãos menos dependentes do governo, tendo que se virar mais sozinhos... o tapete vai ter que abaixar...Já os governos com as contas em ordem, por mais que o povo fragilizado e consumindo pouco, aos poucos ganha crédito internacional, os investimentos vão voltando, a receita vai subindo e ele pode, novamente, gastar mais (vamos ver se dessa vez faz isso com responsabilidade fiscal)... processo que pode ser bem mais facilitado pois toda a infra estrutura já existe, além de um povo especializado e com nível de educação elevado. Convenhamos, é mais facil se reerguer tendo um passado rico do que se erguer com um passado pobre, tendo que começar do zero, como vêm fazendo mtos países asiáticos e os BRICs (com exceção da Rússia), basta que a crise não dure muito tempo e não deteriore tudo que já foi feito..