Muito se vem falando sobre as revoltas que se seguem no Mundo Árabe, revoltas essas que mobilizam cada vez mais grupos da sociedade e estão desestruturando os regimes totalitários na região. Essa realidade é antiga, afinal só ouvimos falar em ditadores que estão a 20, 30 e até 40 anos no poder como é o caso de Muammar al-Gaddafi, na Líbia. Digamos que algum tipo de intervenção estrangeira na atual guerra civil em que se encontra o estado líbio atual não é errada, porém é preciso analizar bem de que modo fazer isso. Díficil precisar o quão útil está sendo a atual operação de países como os EUA, Reino Unido e França, que dominaram o espaço aéreo do país lançando bombas para enfraquecer o exército de Gaddafi... este, por sua vez até então havia bombardeado diversas cidades para conter os rebeldes, matando milhares de civis. É hilário ver hoje o ditador chamando a comunidade internacional de nazista, sendo que nem Hitler lançava bombas contra o seu próprio povo.. Gaddafi conseguiu o incrivel feito de ser mais cruel que um nazi.
Mas infelizmente... ele não é o único contraditório nessa história. Por que as nações do ocidente aceitaram e até apoiaram por tanto tempo ditaduras no mundo árabe e nada fizeram? E agora, com o discurso de proteger os civis líbios, invade como se tivesse sempre defendido a democracia e a liberdade. Não defendia.... pelo menos não para esses países. Os americanos são aliados de vários governos anti democráticos, como o governo de Iemen, Bahrein, Arabia Saudita e Egito, já derrubado.. não só os americanos como outros países que se dizem exemplos de democracia. Silvio Berlusconi da Itália até pouco tempo era muito amigo do Gaddafi, Israel que se diz o país de liberdade no Oriente Médio, chora amargurada a queda desses regimes totalitários; Lula recentemente, já depois de deixar a presidância, fez um discurso em um congresso da TV Jazeera, do Catar - um país movido a petrodólares governado por um rei a quase 16 anos no poder - falando bem da democracia e da sua importância, logo após chamar o rei do país de "meu amigo".. Lula era também fiel "companheiro" de Hugo Chavez e do próprio ditador líbio.
Contraditório, não? O mundo ocidental não fez vista grossa para um modelo de governo de considera inapropriado ( como se espera ).. e sim deu-lhe apoio, suporte, para assim ter os seus interesses garantidos. Repetindo.. já que assim foi, por que intervir tão tardiamente? Parece um grande exemplo de solidariedade invadir o espaço aéreo libio para proteger seus cidadãos, mas temos que nos lembrar que Gaddafi não era mais alinhado aos interesses internacionais e sua derrubada era desejada... se a mesma atitude de um ditador de atacar civis fosse tomada num país "alinhado", fica a dúvida se a posição do resto do mundo seria a mesma. Deveria ser... afinal um massacre nunca deve ser bem visto, mas sabemos o quanto a mídia é manipulável... Em vários outros países árabes hoje o povo já está sendo contido na força bruta, inclusive na morte, mas a imprensa não dá tanto destaque e apresenta os fatos de um modo bem menos crítico. O mundo continua mergulhado na grande contradição entre a força da ideologia e dos interesses econômicos.. todos sabemos que é o segundo que prevalece, mas parece que a propaganda para o primeiro continua forte. Seria hora de finalmente uma posição compreensível e sem ambiguidade para podermos entender qual é a real posição de um país que dá plena liberdade a seus cidadãos.. o que é admirável, mas apóia que outro país subjulgue e reprima seu povo, o que é totalmente deplorável.
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