sábado, 5 de fevereiro de 2011

"Entre les murs", vencedor do Festival de Cannes ( 2008 )


Ontem tava meio de bobeira no pc quando lembrei de um filme que estava na pasta de downloads mas que ainda não tinha visto. "Entre les murs" ou Entre os muros da escola, na tradução para o português, é um filme francês que conta um pouco da realidade de alunos, pais e professores em numa escola de um subúrbio pobre de Paris. Ali estudam árabes do norte da África, africanos negros, chineses e franceses brancos, uma mistura étnica que vem caracterizando muitos bairros de menor renda da capital francesa nas últimas décadas. 


É interessante como o filme aborda conflitos e mazelas  passadas ali dentro. Alunos filhos de imigrantes que pouca perspectiva têm para si, não gostam da instituição escolar, são contra regras e métodos de aprendizado, fazendo-se uma indagação através das cenas e diálogos do que realmente deve ser ensinado. Na verdade, quando os alunos diziam que aprenderam algo ao professor e este perguntava para que serve o que aprenderam, a resposta era: "Sei lá, mas se a escola ensinou, deve servir pra alguma coisa". Outra coisa que deu pra notar foi o choque cultural presente na França contemporânea, com alunos vindos de famílias tribais africanas ou de regiões de cultura muçulmana. Suas famílias são muitas vezes desestruturadas e não falam francês fluentemente, ficando difícil até conversar com pais de alunos em uma reunião de pais.

O desinteresse, na verdade, impera na maioria das escolas do Mundo de países pobres ou ricos, com alunos problemáticos pois sua família não dá suporte e a escola é a válvula de escape. Alunos são expulsos de instituições, mas para onde vão? Para escolas piores ou param de estudar... literalmente há perda de cerébros. Casos de bullying vão ficando cada vez mais freqüentes e não há qualquer apoio institucional, a maioria dos professores e coordenadores fazem vista grossa. Então aí vai a minha crítica: Será que não era hora de remodelar tudo isso? Conciliar disciplinas indispensáveis com tarefas de interação que atraiam o aluno e lhes disperde mais o interesse e a criatividade. O ideal seria que as aulas fossem mais um seminário do que simplesmente despejar informações, trocar informações é muito mais produtivo e foi o que fez o homem progredir nesses milhares de ano de evolução. Enfim... o assunto é muito mais complicado e discutível para ser resumido numa postagem de blog, mas recuperar um aluno que vem de um histórico tão desestruturado e de uma vivência de sofrimento é muito mais complexo do que simplesmente lhe ensinar português, matemática, história e geografia. 

Cabe as escolas saber qual é o seu verdadeiro papel... formar cidadãos? Selecionar cérebros bons e ruins? Recuperar e demonstrar valores sociais que a família não ensina? É complicado, professores não são super heróis, mas a sociedade e o estado tem que se fazer presente onde impera a desordem social, começando no berço.. pois é a partir da escola que se muda toda uma ordem, a Coréia do Sul está aí para nos provar isso. Caso contrário, o efeito é multiplicador e pode ser desastroso para a própria sociedade.

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