quinta-feira, 10 de março de 2011

A pobreza nos países desenvolvidos

Miséria todos nós sabemos o que é, é aquele nível de vida onde não há dinheiro sequer para se ter uma casa e a pessoa mal tem condições de se alimentar, é aquilo que julgamos pobreza extrema e é a situação que deve ser combatida com mais vontade pelos governos ao redor do Mundo. Mas e pobreza? Você, como brasileiro, pode dizer que pobreza é morar numa comunidade, em um "casebre" com um ou dois cômodos, com alguns móveis e eletrodomésticos.. mas a pobreza é bem mais relativa que a miséria. Ser "pobre" varia de país para país e isso também influencia nas estatísticas. Nos EUA, por exemplo, existe uma linha de pobreza específica, onde se encontra em torno de 12% dos norte americanos. No Brasil, a linha de pobreza é definida por outros critérios levando em conta a realidade brasileira ( apesar de existir também um padrão considerado pela ONU ), e considera-se que cerca de 30% dos brasileiros estão abaixo da linha de pobreza... há quem diga que se mesmo o padrão de pobreza usado nos EUA fosse usado no Brasil, cerca de 75% dos brasileiros seriam considerados "pobres", mas se este dado procede ou não, eu não sei dizer.

De qualquer forma, existem pessoas marginalizadas e bairro degradados e violentos na maioria dos países ricos, a única diferença é que estes não são tão numerosos e a miséria mesmo encontra-se em níveis bastante baixos e o governo costuma dar algum tipo de apoio a esta camada social... portanto, programas de transferência de renda como o bolsa família não são exclusividade do Brasil e, na minha concepção, são validos para o grupo que é atendido, se realmente os beneficiados forem pessoas que passam fome e sem quaisquer perspectiva. Voltando ao assunto anterior, existem bairros pobres e degradados nos países ricos - nos países pobres e emergentes seriam considerados bairros ruins, mas por lá são de fato, os piores e mais degradados - que também são esquecidos pelas autoridades e da mesma forma sofrem com carência de serviços públicos, desvalorização imobiliária e marginalidade. 

Gostaria de exemplificar com a cidade mais pobre dos Estados Unidos. Chama-se Camden e fica no estado de Nova Jersey. Segundo o site city-data.com, sua população atual é de 78 mil habitantes, e a renda média por pessoa por ano é de US$ 12.808, ou US$ 1.067 por mês. Levando em conta o custo de vida nos EUA e renda média dos americanos, a cidade é considerada muito pobre. Outro dado curioso é que 45% da população da cidade é afro-americana e 43,6% é considerada hispânica ( descendentes de mexicanos, porto-riquenhos e outro latinos em geral )... só 5,3% da população da cidade é branca, demonstrando que a desigualdade racial ainda se apresenta de forma considerável na sociedade norte-americana. Sem mais delongas, apresento-lhes Camden, NJ:

O pequeno centro da cidade é bem urbanizado e arrumado em sua maior parte, sendo parecido com o downtown de qualquer cidade comum nos EUA:




Mas é só afastar do centro em um ou dois quarteirões que o nível de vida muito baixo e a decadência começam a aparecer:




É isso, diria que viver assim nos EUA equivale a morar na favela da Maré ( RJ ) ou em Heliópolis ( SP ), no Brasil. O conceito de pobreza, sem dúvida, é diferente... mas as deficiências, a decadência, abandono e a criminalidade estão presentes em ambos os locais. A diferença é que os respectivos bairros no primeiro mundo são mais ricos... ou melhor, menos pobres; não é a toa que são ficam em países ricos.

5 comentários:

  1. Primeiramente,Parabéns pelo texto.
    Acredito que viver em uma cidade assim nos EUA seja muito mais triste do que em uma cidade pobre no Brasil. Aliás, é até meio lógico pensar nisso pois ser pobre no país mais rico do mundo deve ser realmente humilhante .
    Porque se parar para pensar, por mais que nós brasileiros sejamos portanto consideramos um povo "pobre" , somo um povo feliz , trabalhador e caloroso. Isso é o mais importante e isso está presente no semblante de cada dia do brasileiro.
    E bom , se tivéssemos governantes melhores .... hehehe . Abraço!

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    1. É muito fácil dizer-se um povo feliz quando nem sabemos o que muitos brasileiros sentem ao ter que dizer a um filho que não tem o que comer hoje... Gostaria de saber se um pai do sertão nordestino que padece sem ter agua, um recurso básico a vida ou a aqueles paulistanos q todo ano tem suas vidas levadas pelas enchentes se sentem assim " um povo feliz e caloroso"! Pimenta nos olhos dos outros..."

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  2. Ainda não terminei de ler o texto, mas, por favor, vamos todos parar com essa mania de trocar o nome "favela" por "comunidade".

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  3. Se isso é ser bem pobre nos Estados Unidos, está bom. O bairro é bem urbanizado, asfaltado, casinhas até bonitinhas por sinal. Bem diferente da realidade brasileira em que a maioria dos bairros bem pobres nem se quer tem saneamento básico e asfalto.

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  4. Gostei dessa sua análise. Parabéns

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