Venho, primeiramente,
afirmar que acho a denominação esquerda e direita, antiga e
ultrapassada, portanto relutei muito em usá-la, porém parece que
tanto quem se denomina esquerda ou direita, tem prazer em se ver como
esquerda ou direita, então, se eles se reconhecem assim, quem sou eu
para dizer que não são.
Pra começar, algumas
pessoas, nessa modinha de esquerda-direita tão século XX,
resolveram me ver agora como “direita”, sem que eu, sequer,
jamais, tenha me reconhecido como tal ou afirmado que me encontro em
tal classificação tão fora de moda pro meu gosto.
Bem, sobre a esquerda
brasileira, tenho pouco a afirmar, ela é “chavista”, podre e
sórdida. A corrupção está entranhada em todas as esferas do
governo petista, que só fala em bolsa, cotas, bolsa e cotas, que o
rico é mau e o pobre é bom. O PT é demagogo, é baixo... Domina a
mídia, domina a opinião publica, polariza a sociedade.
Mas o que dizer sobre a
direita brasileira? Bem, a direita brasileira é o sonho de toda
esquerda. Primeiro, porque vários membros da direita são defensores
da antiga ditadura militar, como se apanhar e ser morto pelo próprio
governo, aquele que faz as leis e deveria defender o povo dos
assassinos, fosse algo aceitável. Segundo, porque boa parte da
direita brasileira é, de fato, muito preconceituosa, quer que –
como diz o Paulo Gustavo – a faxineira seja sempre faxineira, e a
médica, sempre médica, não vêm com bons olhos a igualdade entre
brancos, negros, heteros, gays, religiosos e ateus. Também defendem
que os “favelados” nunca saiam da favela (wait, isso é coisa do
tão "hipocritamente correto" PSOL, que linha tênue, aff, continando... ). Terceiro, porque a
direita brasileira, durante seu período de governo, olhou mais pelas
empresas do que pela população, olhou mais por interesses que não
deveriam ser de governo e, sim, individuais, do que pela segurança,
saúde e educação, investimentos em infraestrutura.
Que prato cheio pra
esquerda fazer o que bem entender! Motivos não faltam, boa parte da
direita brasileira não se interessa em economia, não se interessa
em saber como os países ricos, aqueles que hoje gozam de outro
patamar de vida, chegaram onde chegaram, só sabem endeusar a Europa
mas não fazem sua parte para que o Brasil mude. Não foi odiando
gays, negros e ateus que esses países se desenvolveram, mas sim,
abrindo maior espaço para cada um deles, ainda que a xenofobia e o
preconceito persistam em muitos países da Europa, é na abertura, na
união, que se atinge o desenvolvimento. Afinal, muitos direitistas
têm uma mente colonizada, a mente da classe média de países
miseráveis. Muitos são preocupados com a aparência, com a filho
macho exemplo da família, com a filha recatada que têm em casa,
julgam o fora do “padrão”, o diferente deles, esquecem-se que
uma sociedade democrática, neoliberal, apesar de todas as criticas
que se faz a esse sistema, só se faz com democracia, com igualdade
de oportunidades nos estudos e no mercado de trabalho. Basta ler os
liberais mais conhecidos e ver o que eles pensam, não existe
parceria publico privada, não existe favorzinho do governo para as
empresas. Os direitistas esquecem-se que Cuba, URSS, também
defendiam família, bons costumes e propriedade, no caso dos últimos,
propriedade publica, leia-se, nas mãos da elite politica que
comandava a ditadura vigente, a única capaz de manter um sistema
desse naipe.
A direita brasileira é
dominada pela incompetência discursiva, é manchada pela sua voz
preconceituosa e reacionária que o população brasileira não
deseja mais. Se temos uma oposição assim, então não temos
oposição, se não temos oposição, temos uma ditadura. O governo
brasileiro hoje faz o que quer, manipula como quer, controla como
quer. Todos os programas que hoje fazem “pelo povo” são frutos
da regra mais básica de dominação de um povo, e foram usadas na
história do mundo diversas vezes, tanto pela esquerda quanto pela
direita. O governo cria vilões, sejam os médicos, seja a classe
média – embora o discurso não ajude e, como falei, seja um prato
cheio. A direita não faz nada porque ela mesma se reconhece, ela
sente culpa nas costas, ela sente responsabilidade, ela compra o
discurso pois ela mesma ainda tem dificuldade de mudar. Nossa
esquerda está sozinha, ela dita, ela manda, ela fala - e só fala - o que o povo
quer ouvir. Ela jamais se interessou em seguir a cartilha de um país
que atingiu o sucesso, ou se diz que se interessa, faz isso criando
primeiro toda a burocracia estatal, como aconteceu ao criar uma
empresa estatal para construir o trem-bala mas até agora não
construiu nada.. ou seja, ela aumenta o problema para depois
criar a solução. O Brasil clama por gestores, clama por
infraestrutura, clama por saúde, educação e segurança que são,
de longe, as melhores politicas sociais, clama por menos vilões, por
menos culpados e por mais solução, clama por menos discurso de
divida social e mais de crédito social, clama por menos gestores
metidos a popstars e mais genios da gestão, afinal, está dificil de aguentar essa “ditadura” petista, muito menos essa oposição pálida e de
rabo preso. Nossa esquerda é maquiavélica e manipuladora, já a
direita deixa seus preconceitos aflorarem ao invés de mostrarem as
verdadeiras ideias sobre o que é, realmente, uma sociedade justa, e
justa onde as pessoas possam crescer por suas próprias pernas e o
governo dê o suporte sem deixar a mesma dependente, sem comprar-lhe
o cérebro, sem comprar-lhe o resultado da próxima eleição.
Nossa direita e nossa
esquerda se misturam, se misturam na sordidez do discurso, na falta
de compreensão da opinião oposta, na falta de apego pela
democracia. Afinal, uma ideologia que quer dominar, que quer vigorar,
ela precisa se impor, e a melhor forma de fazê-lo é reprimindo
ideias opostas. Eu só defendo uma, a livre expressão, que é
necessária para que todas as outras existam; não sou direitista
pois, na minha visão, a direita tem um pensamento hipócrita e
nojento, não sou de esquerda, pois me recuso a ter um pensamento
ainda mais hipócrita e nojento para refutá-lo. Não sou nenhum dos dois, pois essa denominação caiu em 1989 junto com muro, pois após esse longo texto chega a conclusão de que esquerda e direita são apenas dois grupos que pensam que a sociedade é uma partida de futebol e a população é a bola. Existem ideias, mas tambéma existe um mundo lotado de diversidade concreta que necessita de respeito, respeito esse que vamos conquistando desde o iluminismo e que vem sendo ameaçado por muitos justamente que reinvindicam esse respeito, no melhor estilo Jacobinos da Revolução Francesa. É pela liberdade que deve-se lutar até o fim, pois só assim chegaremos próximo de ideal de felicidade que o ser humano tanto vislumbra e sempre vislumbrou.
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