segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Por um mundo de mentes livres...


Venho, primeiramente, afirmar que acho a denominação esquerda e direita, antiga e ultrapassada, portanto relutei muito em usá-la, porém parece que tanto quem se denomina esquerda ou direita, tem prazer em se ver como esquerda ou direita, então, se eles se reconhecem assim, quem sou eu para dizer que não são.

Pra começar, algumas pessoas, nessa modinha de esquerda-direita tão século XX, resolveram me ver agora como “direita”, sem que eu, sequer, jamais, tenha me reconhecido como tal ou afirmado que me encontro em tal classificação tão fora de moda pro meu gosto.  

Bem, sobre a esquerda brasileira, tenho pouco a afirmar, ela é “chavista”, podre e sórdida. A corrupção está entranhada em todas as esferas do governo petista, que só fala em bolsa, cotas, bolsa e cotas, que o rico é mau e o pobre é bom. O PT é demagogo, é baixo... Domina a mídia, domina a opinião publica, polariza a sociedade.

Mas o que dizer sobre a direita brasileira? Bem, a direita brasileira é o sonho de toda esquerda. Primeiro, porque vários membros da direita são defensores da antiga ditadura militar, como se apanhar e ser morto pelo próprio governo, aquele que faz as leis e deveria defender o povo dos assassinos, fosse algo aceitável. Segundo, porque boa parte da direita brasileira é, de fato, muito preconceituosa, quer que – como diz o Paulo Gustavo – a faxineira seja sempre faxineira, e a médica, sempre médica, não vêm com bons olhos a igualdade entre brancos, negros, heteros, gays, religiosos e ateus. Também defendem que os “favelados” nunca saiam da favela (wait, isso é coisa do tão "hipocritamente correto" PSOL, que linha tênue, aff, continando... ). Terceiro, porque a direita brasileira, durante seu período de governo, olhou mais pelas empresas do que pela população, olhou mais por interesses que não deveriam ser de governo e, sim, individuais, do que pela segurança, saúde e educação, investimentos em infraestrutura. 

Que prato cheio pra esquerda fazer o que bem entender! Motivos não faltam, boa parte da direita brasileira não se interessa em economia, não se interessa em saber como os países ricos, aqueles que hoje gozam de outro patamar de vida, chegaram onde chegaram, só sabem endeusar a Europa mas não fazem sua parte para que o Brasil mude. Não foi odiando gays, negros e ateus que esses países se desenvolveram, mas sim, abrindo maior espaço para cada um deles, ainda que a xenofobia e o preconceito persistam em muitos países da Europa, é na abertura, na união, que se atinge o desenvolvimento. Afinal, muitos direitistas têm uma mente colonizada, a mente da classe média de países miseráveis. Muitos são preocupados com a aparência, com a filho macho exemplo da família, com a filha recatada que têm em casa, julgam o fora do “padrão”, o diferente deles, esquecem-se que uma sociedade democrática, neoliberal, apesar de todas as criticas que se faz a esse sistema, só se faz com democracia, com igualdade de oportunidades nos estudos e no mercado de trabalho. Basta ler os liberais mais conhecidos e ver o que eles pensam, não existe parceria publico privada, não existe favorzinho do governo para as empresas. Os direitistas esquecem-se que Cuba, URSS, também defendiam família, bons costumes e propriedade, no caso dos últimos, propriedade publica, leia-se, nas mãos da elite politica que comandava a ditadura vigente, a única capaz de manter um sistema desse naipe.  

A direita brasileira é dominada pela incompetência discursiva, é manchada pela sua voz preconceituosa e reacionária que o população brasileira não deseja mais. Se temos uma oposição assim, então não temos oposição, se não temos oposição, temos uma ditadura. O governo brasileiro hoje faz o que quer, manipula como quer, controla como quer. Todos os programas que hoje fazem “pelo povo” são frutos da regra mais básica de dominação de um povo, e foram usadas na história do mundo diversas vezes, tanto pela esquerda quanto pela direita. O governo cria vilões, sejam os médicos, seja a classe média – embora o discurso não ajude e, como falei, seja um prato cheio. A direita não faz nada porque ela mesma se reconhece, ela sente culpa nas costas, ela sente responsabilidade, ela compra o discurso pois ela mesma ainda tem dificuldade de mudar. Nossa esquerda está sozinha, ela dita, ela manda, ela fala - e só fala - o que o povo quer ouvir. Ela jamais se interessou em seguir a cartilha de um país que atingiu o sucesso, ou se diz que se interessa, faz isso criando primeiro toda a burocracia estatal, como aconteceu ao criar uma empresa estatal para construir o trem-bala mas até agora não construiu nada.. ou seja, ela aumenta o problema para depois criar a solução. O Brasil clama por gestores, clama por infraestrutura, clama por saúde, educação e segurança que são, de longe, as melhores politicas sociais, clama por menos vilões, por menos culpados e por mais solução, clama por menos discurso de divida social e mais de crédito social, clama por menos gestores metidos a popstars e mais genios da gestão, afinal, está dificil de aguentar essa “ditadura” petista, muito menos essa oposição pálida e de rabo preso. Nossa esquerda é maquiavélica e manipuladora, já a direita deixa seus preconceitos aflorarem ao invés de mostrarem as verdadeiras ideias sobre o que é, realmente, uma sociedade justa, e justa onde as pessoas possam crescer por suas próprias pernas e o governo dê o suporte sem deixar a mesma dependente, sem comprar-lhe o cérebro, sem comprar-lhe o resultado da próxima eleição.  

Nossa direita e nossa esquerda se misturam, se misturam na sordidez do discurso, na falta de compreensão da opinião oposta, na falta de apego pela democracia. Afinal, uma ideologia que quer dominar, que quer vigorar, ela precisa se impor, e a melhor forma de fazê-lo é reprimindo ideias opostas. Eu só defendo uma, a livre expressão, que é necessária para que todas as outras existam; não sou direitista pois, na minha visão, a direita tem um pensamento hipócrita e nojento, não sou de esquerda, pois me recuso a ter um pensamento ainda mais hipócrita e nojento para refutá-lo. Não sou nenhum dos dois, pois essa denominação caiu em 1989 junto com muro, pois após esse longo texto chega a conclusão de que esquerda e direita são apenas dois grupos que pensam que a sociedade é uma partida de futebol e a população é a bola. Existem ideias, mas tambéma existe um mundo lotado de diversidade concreta que necessita de respeito, respeito esse que vamos conquistando desde o iluminismo e que vem sendo ameaçado por muitos justamente que reinvindicam esse respeito, no melhor estilo Jacobinos da Revolução Francesa. É pela liberdade que deve-se lutar até o fim, pois só assim chegaremos próximo de ideal de felicidade que o ser humano tanto vislumbra e sempre vislumbrou.