sábado, 27 de agosto de 2011

Coréia, um abismo entre dois mundos e um só povo

Olá pessoal! Bem, primeiramente gostaria mais uma vez de me desculpar por ter diminuido o ritmo das postagens, projetos para colocar aqui tenho vários, só está faltando coloca-los em prática, mas cedo ou tarde colocarei hehe
Hoje gostaria de falar um pouco sobre a Península da Coréia. Até os anos 50 existia no local um único país, com lingua e cultura próprias. Aí veio a Guerra Fria, URSS de um lado, EUA do outro.... enfim, simplificando, acabaram dividindo o país em dois pedaços que se transformaram em dois países, um deles socialista e o outro capitalista, não sendo permitido o fluxo de imigrantes entre os dois. De uma hora pra outra, um único país se fragmentou e cada parte se isolou para um lado, fazendo com que cada qual constituísse uma identidade própria que até então não fazia sentido.

Hoje, são dois dos mais interessantes exemplos tanto do socialismo quanto do capitalismo. Até os anos 70, a Coréia do Norte dentro do modelo soviético se mostrava mais rica e bem sucedida que a parte sul; porém, a partir desse momento até os dias de hoje, a economia da Coréia do Sul sofre um boom que criara uma enorme diferença e fez com que hoje o lado capitalista se mostre infinitamente mais rico e dinâmico. Um dos maiores trunfos, dizem os sul coreanos, foi o investimento em educação. Um país outrora pobre coloca todo o seu foco em criar mentes brilhantes que criassem e construíssem um novo país. Apesar do efeito colateral de maior valorização de certas áreas do saber em detrimento do outras, os sul coreanos de fato conseguiram transformar seu país. Hoje, quase 100% da sua população é alfabetizada. Através dessa revolução educacional, o país criou tecnologia e se tornou exportador de produtos de alto valor. O que se pode constatar, por exemplo, com a enorme quantidade de marcas norte coreanas no mercado brasileiro, dentre elas a Hyundai, Kia Motors, LG e Samsung. A Coréia do Sul se transformou, da fato, em um novo Japão, porém um pouco menos rico, menos metódico e mais "latinizado", se assim se pode dizer de um povo carismático para os padrões orientais. Na música, ocorre outro grande revolução e nesse caso, uma americanização, com bandas pop criando canções e clipes bastante inspirados no estilo norte-americano, porém um pouco mais exagerado e com maior produção dos cantores, seja nas roupas, seja nos cabelos ( muitas vezes aloirados a moda européia ), etc. Este estilo, hoje conhecido como K-Pop ( Korean Pop ), é bastante popular na Ásia e inclusive fora dela.




                                 Centro financeiro de Seoul

As cidades experimentaram grande enriquecimento e aumento do consumo, um bom exemplo é Seoul, a capital do país. Edifícios empresariais foram erguidos pela cidade e grande avenidas foram abertas, em uma remodelação do plano urbanístico, com destaque para a criação do parque de Cheonggyecheon, que consistiu na abertura de um moderno espaço público as margens do rio de mesmo nome em um área anteriormente bastante degradada com habitações de palafita. Ao redor existem modernos prédios comerciais, com arquitetura que lembra bastante o design japones contemporâneo de edificações. Na verdade, a modelo urbanístico sul coreano hoje é bastante parecido com o japonês, com a ressalva de que as cidades coreanas possuem grandes quantidades de prédios de apartamentos em blocos e as casas são, principalmente nos bairros mais nobres, mais amplas que suas semelhantes no Japão. Outro interessante exemplo da pujança e união entre os dois países foi a Copa do Mundo Coréia - Japão, em 2002, que mostrou ao mundo em um evento impecável, a riqueza dos dois países mais desenvolvidos da Ásia, lado a lado.


Do outro lado da fronteira está a Coréia do Norte, que tem como vizinhos seu irmão gemeo capitalista, a China e a Rússia, antiga URSS. Depois da dissolução da União Soviética e consequente queda do regime socialista no final dos anos 80, a Coréia do Norte perde seu principal aliado e parceiro, ficando isolada ao lado da China que com o tempo acabara por adotar uma economia de mercado, tornando as economias de ambos os países muito distintas. Ainda assim, a China hoje se apresenta como comunista e costuma ajudar do alguma forma a Coréia do Norte, com alimentos, tecnologia, etc... e a elite do país, quando faz alguma viagem internacional, costuma ser para a China. Salientando que pouquíssimos são os norte coreanos que têm a chance de sair de seu país, afinal o regime por lá é extremamemente fechado. Uma sociedade pouco religiosa, onde na verdade o objeto de adoração é o falecido ditador, Kim Il Sung, que governou o país de 1948 a 1994. Mesmo falecido, o "Grande Lider" - como é chamado - é até hoje considerado o presidente do país pela população local e a ele são atribuidas todas as benfeitorias e quase todas as invenções que a sociedade norte coreana conhece. Hoje quem governa é seu filho, Kim Jong-Il, chamado de "querido líder" pelos habitantes locais e conhecido internacionalmente por seus polêmicos testes de bombas nucleares, o que isolou totalmente a Coréia do Norte do resto do mundo. Há escassez de alimentos e energia, mas o governo parece só investir em gastos militares.... existem boatos de ondas de fome no interior de país e campos de concentração para onde vão milhares de opositores do regime.

A capital do país, Pyongyang, é caracterizada por seu modelo urbanistico socialista, com grandes blocos residenciais todos iguais no estilo soviético e aquele aspecto cinza, formal, segmentado e com imensas avenidas. Imensas.. alias... para os pouquissimos carros que transitam pelas ruas, pois por lá só a elite  possui carros particulares, geralmente presente do governo. Esta cidade, porém, por ser capital, tem o privilégio de ser servida pelo fornecimento de eletricidade durante as 24h horas do dia, pois em todas as outras cidades do país a energia elétrica é cortada de meia dia ás 6 da manhã, se nao estou enganado. 


Tipica rua de Pyongyang

                                          Espetáculo mostrando a inacreditável disciplina deste povo

Pyongyang possui uma eficiente rede de metrô. Nas escolas o ensino é mais do que puxado, quase 100% dos habitantes estão alfabetizados como no país irmão capitalista ao sul, e as crianças ensaiam para um coral - no caso das mais afortunadas - que é apresentado como um grande evento ao final, de fato é espetacular, a apresentação delas é irretocável, nem parece que são apenas crianças.. até por que as pessoas são levadas um modo militar de ensino, de criação, perfeccionismo, que embora não seja tão diferente assim do modelo educacional de sua vizinha sulista, é pautado basicamente no culta ao "grande líder" e uma alienação tão grande que espantaria inclusive os sul coreanos. É um país extremamente metódico, onde todos são, ou deveriam ser aos olhos do governo, literamente iguais ( excetuando-se a pequena elite que compõe a cúpula do governo, sem fazer piada com o fato de serem parecidos por serem orientais : P ), devem pensar igual, agir igual, baseando todos esses aspectos no constituição de família e assim dar seguimento as novas gerações, e sempre exaltando a figura de seu líder supremo, Kim Il Sung, claro.

Por lá, não existe o inato, exite o socialmente construído.