segunda-feira, 28 de março de 2011

Urbanismo: Questão deixada de lado no Brasil - I

O que é exatamente urbanismo? A definição do wikipédia é a seguinte: "Urbanismo é a disciplina e a atividade relacionadas com o estudo, regulação, controle e planejamento da cidade (em seu sentido mais amplo) e da urbanização."

Quando se fala na qualidade de vida de uma cidade, não se pode falar apenas de aspectos que passam paralelos como nível de renda, estudo e etc. É preciso também se falar em planejamento urbano, em todas as suas instâncias. Seja ela no zoneamento das ruas, seja na arborização e  limpeza das vias, infra estrutura, na regulamentação de obras que não agridam a paisagem e não comprometam a infra estrutura local, além de tentar estimular projetos arquitetônicos mais arrojados, que enriqueçam a cidade. No Brasil, essa idéia ainda é um tanto vaga e pouco difundida, mas está inconscientemente na cabeça das pessoas. Quando você vai a um bairro mal urbanizado, sujo, você imediatamente tende a se sentir desconfortável, aquela visão inicial é extremamente desagradável... claro que com o tempo as pessoas vão se adaptando e se familiarizando com o espaço e a partir daí, passam a notar novos aspectos e peculiaridades locais que uma visão de "turista" não consegue captar, mas esse debate é melhor deixar com o Yi-Fu Tuan hehehe...

Felizmente no Brasil existem algumas cidades planejadas como Curitiba ou Maringá que são, teoricamente, exemplos a serem seguidos no Brasil... . Ambas têm o traçado planejado e são fartas em parques e áreas verdes, mas nem essas duas conseguiram chegar ao que se vê em muitos lugares fora do Brasil, embora sejam bastante acima da média do nosso país... primeira qualidade urbana no Brasil se limita a ruas ou no máximo em raríssimos bairros como Copacabana, mas nunca a uma cidade inteira. Urbanismo é também transporte eficiente, asfalto, calçadas bem conversadas e padronizadas e até aterramento de fiação dos postes. Pra exemplificar, peguei uma foto de duas avenidas próximas em nível de renda - renda média alta - no Rio de Janeiro, porém em uma delas a fiação é aterrada e na segunda não:

                                Av. N. S. de Copacabana

                                Rua São Clemente - Botafogo

Então, qual é a mais agradável? Acho que 99% das pessoas vão achar a primeira, não só pela ausência de fiação elétrica, mas também pela qualidade das calçadas. Na Av. N. S. de Copacabana elas são largas e homogêneas, já na rua São Clemente a calçada é apertada e variada - vai mudando de prédio para prédio - o que pode parecer bem menos agradável visualmente. Infelizmente mais que 90% das ruas no Brasil estão muito mais para a segunda rua ou bem pior do que para a primeira. Agora olhem a rua Voluntários da Pátria, no mesmo bairro de Botafogo, esta já passou por obras do programa Rio Cidade, foi totalmente remodelada e modernizada:


Então, sem comparação, não é mesmo? Embora discutir urbanismo seja muito mais do que falar de postes. Ainda gostaria entrar na questão Brasil x Exterior, que é o lado que ainda me deixa mais decepcionado, além de muitas outras questões que eu considero que fazem muita diferença em uma cidade. Fica para a parte II que postarei em breve!

quinta-feira, 10 de março de 2011

A pobreza nos países desenvolvidos

Miséria todos nós sabemos o que é, é aquele nível de vida onde não há dinheiro sequer para se ter uma casa e a pessoa mal tem condições de se alimentar, é aquilo que julgamos pobreza extrema e é a situação que deve ser combatida com mais vontade pelos governos ao redor do Mundo. Mas e pobreza? Você, como brasileiro, pode dizer que pobreza é morar numa comunidade, em um "casebre" com um ou dois cômodos, com alguns móveis e eletrodomésticos.. mas a pobreza é bem mais relativa que a miséria. Ser "pobre" varia de país para país e isso também influencia nas estatísticas. Nos EUA, por exemplo, existe uma linha de pobreza específica, onde se encontra em torno de 12% dos norte americanos. No Brasil, a linha de pobreza é definida por outros critérios levando em conta a realidade brasileira ( apesar de existir também um padrão considerado pela ONU ), e considera-se que cerca de 30% dos brasileiros estão abaixo da linha de pobreza... há quem diga que se mesmo o padrão de pobreza usado nos EUA fosse usado no Brasil, cerca de 75% dos brasileiros seriam considerados "pobres", mas se este dado procede ou não, eu não sei dizer.

De qualquer forma, existem pessoas marginalizadas e bairro degradados e violentos na maioria dos países ricos, a única diferença é que estes não são tão numerosos e a miséria mesmo encontra-se em níveis bastante baixos e o governo costuma dar algum tipo de apoio a esta camada social... portanto, programas de transferência de renda como o bolsa família não são exclusividade do Brasil e, na minha concepção, são validos para o grupo que é atendido, se realmente os beneficiados forem pessoas que passam fome e sem quaisquer perspectiva. Voltando ao assunto anterior, existem bairros pobres e degradados nos países ricos - nos países pobres e emergentes seriam considerados bairros ruins, mas por lá são de fato, os piores e mais degradados - que também são esquecidos pelas autoridades e da mesma forma sofrem com carência de serviços públicos, desvalorização imobiliária e marginalidade. 

Gostaria de exemplificar com a cidade mais pobre dos Estados Unidos. Chama-se Camden e fica no estado de Nova Jersey. Segundo o site city-data.com, sua população atual é de 78 mil habitantes, e a renda média por pessoa por ano é de US$ 12.808, ou US$ 1.067 por mês. Levando em conta o custo de vida nos EUA e renda média dos americanos, a cidade é considerada muito pobre. Outro dado curioso é que 45% da população da cidade é afro-americana e 43,6% é considerada hispânica ( descendentes de mexicanos, porto-riquenhos e outro latinos em geral )... só 5,3% da população da cidade é branca, demonstrando que a desigualdade racial ainda se apresenta de forma considerável na sociedade norte-americana. Sem mais delongas, apresento-lhes Camden, NJ:

O pequeno centro da cidade é bem urbanizado e arrumado em sua maior parte, sendo parecido com o downtown de qualquer cidade comum nos EUA:




Mas é só afastar do centro em um ou dois quarteirões que o nível de vida muito baixo e a decadência começam a aparecer:




É isso, diria que viver assim nos EUA equivale a morar na favela da Maré ( RJ ) ou em Heliópolis ( SP ), no Brasil. O conceito de pobreza, sem dúvida, é diferente... mas as deficiências, a decadência, abandono e a criminalidade estão presentes em ambos os locais. A diferença é que os respectivos bairros no primeiro mundo são mais ricos... ou melhor, menos pobres; não é a toa que são ficam em países ricos.

Água, Combustível do Mundo

Pessoal, desculpe pela demora a atualizar o blog, é que com todos os feriados acabei me desligando um pouco das questões abordadas aqui, mas prometo retornar a postar com freqüência. 

O tema "água" e como trata-lá e resguardá-la vem ganhando cada vez mais uma importância nas discussões relativas a preservação, novos modos de vida, reaproveitamento e economia. O fato é que, hoje vemos o maior bem da Terra com uma importância maior do que sempre se viu, sua abundância tão incomensurável sempre fez com que pensássemos que a agua nunca acabaria ou deixaria de nos servir como sempre servira. Atualmente, numa evolução desse pensamento, já falamos em racionamento, em evitar desperdícios e até em reutilização e dessanilização. Sim, esta ultima faz todo o sentido né, é um processo que retira o sal e outras minerais da água do mar e transforma essa água em potável. Não poderia ser mais genial, pois segundo o Atlas National Geographic cerca de 97,5%  de toda água do mundo está nos oceanos, é salgada ( indisponível para consumo humano ). Países secos e desérticos, com recursos econômicos razoáveis ( pois o mecanismo ainda é caro ) como Israel já adotam esse processo para prover H2O limpa a sua população. 

Já o processo de reutilização é milenar, afinal quando se capta água da chuva para consumo próprio, se está reaproveitando uma água que já completou todo o ciclo de evaporação e precipitação, garantindo o sustento através da agricultura e a sobrevivência de populações ao redor do Mundo por séculos, mas este processo hoje ganha uma característica ainda mais refinada... Foram desenvolvidos processos de purificação da água super modernos, que podem fazer aquela inunda da sua privada se transformar naquela límpida que saí do seu filtro kkkkkk Apesar do tom de brincadeira e de parecer nojento, isso pode se tornar cada vez mais comum... mas não se preocupe tanto se você mora no Brasil, afinal ainda temos a maior reserva de água doce do Mundo. De qualquer forma, é bom termos consciência de que os tempos são outros e não dá mais para poluir rios e lagos, além de aquíferos, grandes reservas subterrâneas de água doce que fazem brotar rios e tornam possíveis poços artesianos na superfície.. Esta é a forma de abastecimento mais barata que o ser humano pode possuir, além de garantir a manutenção da biodiversidade e a estabilidade do clima, pois como se sabe, é a quantidade de água na superfície que define a quantidade de evaporação, chuvas e assim por diante.

Mas.. voltando aos métodos modernos de reutilização da água, uma vez assisti a um documentário no Nat Geo que falava justamente dos planos da NASA em criar uma base permanente na Lua ( coisa pra daqui a 10 ou 15 anos ), e como faria para garantir que uma pessoa sobreviva lá; o projeto prevê reaproveitar 90% da água utilizada, dando-lhe diversas funções, desde seu uso na cozinha, até a higiene pessoal. Novamente.. estranho não? Mas se não for utilizada uma refinidada tecnologia de purificação da água, os custos se tornariam mais exorbitantes numa ainda utópica vida na Lua. Voltando ao nosso Planeta, é interessante destacar também que - novamente segundo a National Geographic - 69% da água utilizada pelo homem se dá em processos agrícolas... outra questão que devemos levar em conta se quisermos reduzir o desperdício, começar pelo campo, mas como? É meio impossível diminuir o consumo de água sem reduzir a produção ou piorá-la, então nada mais justo que se dê um freio na super população da Terra e no consumo, que só tende a aumentar. Pode parecer uma visão exagerada, mas já existe uma população suficiente no planeta e problemas socio econômicos também suficientes; um controle de natalidade seria bem visto ou pelo menos uma política de convencimento a se ter menos filhos nos países mais pobres e com problemas em relação a água; a pobreza e a fome estão intimamente ligadas a seca, são duas questões complementares que agravadas pela desigualdade social e ausência de investimentos, se transformam em algo muito díficil de se solucionar. 

A água é o fator condicional para manter a vida, humana ou animal, em qualquer parte do Mundo, além de ser um diferencial econômico muito importante para qualquer país... ninguém quer depender do outro para ter esse bem tão precioso, todos querem garantir suas próprias reservas. Para que não hajam conflitos maiores em relação a isso temos que aliar melhor distribuição com infra estrutura, novas tecnologias de reutilização, economia ( parar de ficar lavando o carro por meia hora com a mangueira ligada ), dessanilização ( para países desérticos ou semi desérticos ), além de medidas de despoluição de rios e lagos e tratamento de esgoto nas cidades/campo e até controle populacional. Com todas essas medidas, ainda teríamos água para milhões de anos sem nos preocuparmos e a biodiversidade do planeta agradeceria.